Central dos Sindicatos Brasileiros

Assessor da CSB foi monitorado pela Abin durante governo Bolsonaro, revela portal

Assessor da CSB foi monitorado pela Abin durante governo Bolsonaro, revela portal

Dentre os milhares de alvos monitorados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro, aparece o nome de um assessor da CSB. Trata-se de José Vitor de Castro Imafuku, que trabalha diretamente com o presidente da central, Antonio Neto. A informação foi revelada pelo jornalista Rodrigo Rangel, do portal Metrópoles, nesta quinta-feira (1).

O celular de Vitor Imafuku foi monitorado por meio do software espião FirstMile, usado pela chamada “Abin paralela” para mapear os passos de pessoas consideradas inimigas do governo do ex-presidente.

Além de assessor de Neto, que denunciou o governo Bolsonaro como inimigo dos trabalhadores e do movimento sindical na Organização Internacional do Trabalho (OIT), a CSB teve papel importante em mobilizações contra a Reforma da Previdência, pela revogação da Reforma Trabalhista e pelo impeachment de Bolsonaro.

“Estou sabendo disso agora, e recebo essa notícia com indignação, mas não com surpresa, justamente por causa da minha atividade profissional e do enfrentamento que fizemos ao Bolsonaro. A gente já imaginava que poderia ter sido vítima de perseguição”, disse Vitor ao Metrópoles.

Nesta sexta-feira (02), Imafuku concedeu uma entrevista ao vivo ao UOL, na qual opinou que vê na sua atuação no movimento sindical e em defesa dos trabalhadores os principais motivos de ser sido espionado pela Abin a mando do governo Bolsonaro. Ele ainda acrescentou que vai avaliar, com o auxílio de advogados, quais medidas tomará contra as ilegalidades cometidas contra ele.

“Uma ação de perseguição política, mas que em nenhum momento causou surpresa porque a gente viu como o Bolsonaro foi agindo ao longo dos últimos anos. Principalmente, atacando o movimento sindical, como eu tenho uma atuação no movimento sindical dentro da CSB. O movimento sindical sempre foi um obstáculo para o governo Bolsonaro, que nunca quis conversar conosco”, falou na entrevista.

Assista a entrevista completa aqui (a partir do minuto 27).

Perguntado sobre por qual razão acredita que foi monitorando ilegalmente, Vitor lembrou da sua atuação contra a Reforma da Previdência, aprovada em 2019. “A luta contra a Reforma da Previdência atuou muito no setor de comunicação das centrais sindicais, nas táticas de mobilização, de enfrentamento. Depois tiveram os atos ‘Fora Bolsonaro’”, apontou Vitor.

Relembre: CSB engrossa atos pelo Fora Bolsonaro em todo o país

A Polícia Federal (PF) afirma que pelo menos 1,5 mil pessoas foram monitoradas pela Abin no período em que a agência usou o software espião israelense FirstMile. O software permite mapear os passos dos alvos a partir do rastreamento de seus telefones celulares.

Com acesso ao sistema, os agentes alimentavam a chamada “Abin paralela”, agora investigada pela PF, fizeram mais de 60 mil consultas. Em 21 mil situações foi possível descobrir a localização dos alvos.

O escândalo chegou até Israel, os dados estão armazenados e sede da empresa fabricante do software “espião”. Um grupo formado por ativistas, médicos e escritores liderados pelo advogado Eitay Mack, que atua na área de direitos humanos, enviou à Procuradoria-Geral de Israel um pedido de abertura de investigação criminal contra a empresa israelense Cognyte, desenvolvedora do programa espião FirstMile, segundo o jornal O Globo.