CSB participou de encontro com o presidente interino nesta segunda-feira, em Brasília
A Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) fará parte de um grupo de trabalho que vai atuar, ao lado do governo, sobre temas relacionados à Previdência Social. A decisão de criar o grupo foi tomada durante encontro entre as centrais sindicais e o presidente interino Michel Temer, nesta segunda-feira (16), no Palácio do Planalto, em Brasília.
“As centrais e o próprio governo colocaram as suas posições no sentido de construir um espaço de diálogo. Que nesse espaço a gente possa, com toda tranquilidade, clareza e transparência, discutir essas questões”, diz o presidente da CSB, Antonio Neto, que participou da reunião com Temer.
Cada central sindical indicará dois representantes para participação no grupo, que também terá membros dos ministérios da Casa Civil, da Fazenda e do Trabalho. A coordenação será feita pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. A primeira reunião da equipe deverá ocorrer já na próxima quarta-feira, dia 18, às 9h.
Para o presidente da CSB, a criação do grupo de trabalho permitirá, além da coleta de dados, que as centrais apresentem as suas propostas para a Previdência. “Nós sabemos que o momento é muito difícil, mas, tendo transparência na informação, nos dados, e acima de tudo querendo fazer uma boa conversa, dá para a gente mostrar onde é que estão os verdadeiros ralos da República”, salienta.
Sobre a manutenção dos direitos previdenciários que já estão garantidos pelos trabalhadores e que foram consolidados ao longo dos anos –posição que é defendida pela CSB–, Neto ressaltou que o próprio presidente interino afirmou que não haverá retrocessos.
“O presidente Michel abriu a reunião dizendo: ‘todos sabem, eu tenho repetido, nós não vamos mexer em direitos’. Ele não só abriu, como fechou a reunião dizendo a mesma coisa”, completa Antonio Neto.
Sem idade mínima
Em entrevista à imprensa em Brasília, o presidente da CSB afirmou que não acha necessária uma mudança que estabeleça a fixação de idade mínima para a aposentadoria. Para ele, há uma distorção sobre o déficit previdenciário, que é provocado pela aposentadoria rural, enquanto a aposentadoria urbana é superavitária. “Não acho necessário [uma reforma da Previdência] agora, ela tem sido superavitária nos últimos tempos, mesmo com a DRU [Desvinculação das Receitas da União]”, diz Neto.
De acordo com o dirigente, é preciso discutir como fazer com que as empresas que estão devendo para a Previdência paguem suas dívidas e discutir outras formas de arrecadação. Ele critica a fórmula progressiva 85/95 que foi aprovada. “Já foi feita a maldade, em 2026 ninguém mais se aposenta nem o homem com menos de 65 anos nem a mulher com menos de 60 anos”, afirma.
Antônio Neto afirmou também que, antes de discutir reforma da Previdência, é preciso avaliar outras questões, como a desoneração de empresas exportadoras do agronegócio. “Alguns dizem que não querem pagar o pato, e nós não queremos pagar a conta”, diz.
Além da CSB, participaram do encontro com Michel Temer dirigentes da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), da União Geral dos Trabalhadores (UGT) e da Força Sindical. Do lado do governo, também estiveram presentes os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Ronaldo Nogueira (Trabalho) e Henrique Meirelles (Fazenda).