Central dos Sindicatos Brasileiros

9 de setembro: Dia do Veterinário

9 de setembro: Dia do Veterinário

120 mil veterinários celebram a data. Brasil possui o maior número de profissionais no mundo segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária

Cerca de 120 mil profissionais em atividade comemoram, em 9 de setembro, o Dia do Veterinário segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). Normatizada pelo Decreto nº 23.133/1933, assinado pelo presidente Getúlio Vargas, a profissão que abrange os setores de meio ambiente, pecuária, agricultura, inspeção e fiscalização alimentar e saúde pública é um dos principais instrumentos para o desenvolvimento social e econômico do País.

Regulamentada há 82 anos, a medicina veterinária atua todos os dias pelo bem-estar de animais, seres humanos e pelo convívio sustentável entre ambos os organismos com o meio ambiente. De acordo com a presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários no Estado do Rio Grande do Sul (SIMVET/RS), Maria Angélica Zollin de Almeida, essa ciência envolve uma relação entre os três sustentáculos, principalmente no combate de zoonoses.

“As doenças que são transmissíveis dos animais aos homens e vice-versa [as zoonoses] são umas das urgências preponderantes da saúde pública brasileira”, afirma a dirigente. Segundo Maria Angélica, “as endemias que nós temos enfrentado nos últimos anos, como a dengue e a leishmaniose, são exemplos de enfermidades causadas por bactérias e vírus específicos que são passados dos animais aos homens. E quem está habilitado para trabalhar com isso é o veterinário, pois é ele que faz o controle de zoonoses nas Secretarias de Saúde dos municípios”.

Também presente no dia a dia de todos os cidadãos brasileiros por meio da cadeia produtiva de alimentos de origem animal, “o trabalho dos médicos veterinários vai muito além das clínicas e dos consultórios destinados aos animais de companhia”. De acordo com o CFMV, os profissionais podem exercer o ofício em mais de 80 áreas “ligadas à produção dos alimentos que chegam à mesa do consumidor”.

“Eles podem trabalhar como consultores, responsáveis técnicos, docentes e peritos criminais, judiciais e administrativos; exercem atividades em laboratórios para análise de solo, da água e domissanitários – ou seja, saneantes destinados ao uso domiciliar -; realizam pesquisas em alimentos; participam da produção de vacinas e de medicamentos de uso animal”, elenca o Conselho Federal de Medicina Veterinária.

Para Cezar Amin Pasqualin, presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Paraná (Sindvet/PR), “tudo isso faz com que a atividade profissional tenha uma relação muito forte com a comunidade”. “Não há uma profissão que por si só estabeleça o mercado, atendendo às necessidades e aos anseios da sociedade. É uma interdisciplinaridade. O que significa isso? O veterinário e o agrônomo têm de marchar juntos; o veterinário e o médico humano têm de marchar juntos. É a união de setores que irão encontrar as soluções para os problemas demandados pela sociedade”, explicou Pasqualin. De acordo com o dirigente, a medicina veterinária não é uma profissão corporativa, mas cooperativa.

Participação social e conquistas

A garantia de inserção da categoria nas discussões sobre políticas públicas de saúde é uma das principais conquistas dos profissionais segundo a presidente do SIMVET/RS, Maria Angélica. Membro do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e coordenadora da Comissão Intersetorial de Saneamento e Meio Ambiente (CISAMA), a dirigente ressaltou a ampliação de espaço aos trabalhadores do setor na mídia e nos órgãos que deliberam os objetivos e estratégias de implementação de planos referentes ao sistema de saúde do Brasil.

Para Cezar Pasqualin, presidente do Sindvet/PR, a inclusão dos veterinários nos debates é resultado do reconhecimento da profissão por parte da comunidade. “A sociedade, hoje, está vendo nos nossos trabalhadores a extensão de suas atividades. Sobre a questão da vigilância sanitária, por exemplo: a sociedade agora reconhece a relevância do veterinário no acompanhamento da qualidade do alimento, que vai desde o processo industrial até a colocação dos produtos nas gôndolas dos supermercados”, relembra Pasqualin.

Ainda de acordo com o dirigente, contribuir para a consolidação da legitimidade da profissão no contexto educacional deve ser uma das preocupações do movimento sindical. Segundo Pasqualin, “os sindicatos devem servir como canais que propiciem capacitação e empregabilidade digna”. “Nós queremos profissionais bem estabelecidos, bem remunerados e comprometidos com as soluções dos problemas sociais. Por isso, o trabalhador tem de ter familiaridade com a comunidade para conseguir desenvolver projetos em união”, declarou o presidente.

Reivindicações e Importância Econômica

Apesar da legitimação já alcançada, a busca pela valorização ainda é a maior reivindicação da classe profissional, conforme declarações da presidente do SIMVET/RS. Para Maria Angélica de Almeida, o governo precisa reservar maior atenção aos riscos que os veterinários enfrentam em suas atividades.

“Altamente envolvidos no tratamento, controle e combate de zoonoses, os profissionais acabam adoecendo sem receberem nenhum apoio das autoridades, porque o salário desses trabalhadores é impraticável. A insalubridade e o risco de vida que eles correm estão acima do piso salarial”, constata a dirigente.

Responsáveis pelo suporte do binômio agricultura e pecuária, bases da economia brasileira – segundo o Ministério da Agricultura, o agronegócio representou de 22% a 23% do Produto Interno Bruto do País em 2014 –, a remuneração ainda é um desafio enfrentado pelos veterinários. De acordo com Cezar Pasqualin, “o atual salário dos profissionais não é configurado como ético e sustentável”.

“Nesta crise que estamos vivenciando, nossa economia é mantida pelo agronegócio por meio da agricultura familiar, pecuária e das exportações. Hoje, o que segura o Brasil neste exato momento é a economia agropecuária, e por trás dessas cadeias de produção está o médico veterinário contribuindo para o PIB, mas sem uma remuneração condigna”, assinala o dirigente.