A mesa de abertura dessa sexta-feira (6) contou com Marcio Pochmann, economista e ex-presidente do Ipea, Wanderson Oliveira, epidemiologista e ex-secretário nacional de Vigilância em Saúde, e Brizola Neto, coordenador de Trabalho e Renda de Niterói e ex-ministro do Trabalho. A mediação foi de Flavio Werneck, vice-presidente da CSB.
Pochmann destacou que a crise gerada pela pandemia surgiu em um cenário já catastrófico de retrocesso de direitos trabalhistas e crise econômica profunda: “a condução da economia não foi forte suficiente para sua retomada, como também os trabalhadores perderam direitos pela reforma trabalhista, reforma previdenciária e a própria Emenda Constitucional 95, que estabeleceu teto para o gasto público. Isso tudo já vinha afetando dramaticamente a situação dos trabalhadores. E a pandemia acontece nesse quadro. Diferentemente de outros países, os trabalhadores brasileiros acabaram sendo afetados duplamente”.
O economista destacou ainda a relação da problemática ausência de expansão econômica, que tem como resultado o baixo índice de oportunidades de emprego e elevada porcentagem de desemprego: “quando não tem expansão econômica, não tem expansão de emprego”.
Wanderson Oliveira destacou a relação da pandemia do coronavírus com o trabalho: “a OMS orientou desde o início aos países que a COVID-19 devia ser tratada como uma doença relacionada ao trabalho. O Supremo reconheceu isso. Muitas atividades deixaram de ser realizadas”. O epidemiologista comentou ainda sobre a relação direta entre a tardia vacinação, já atestada pela CPI da COVID, além da letalidade do vírus e a falta de testagem rápida, além de outros fatores que intensificam a crise no trabalho e a completa retomada das atividades.
Brizola Neto comentou que, para além da irresponsabilidade e má gestão de Bolsonaro, a crise tem como raiz de seu problema um modelo econômico neoliberal:
“Parece claro que além dessa gestão imoral e irresponsável da pandemia, é fundamental que a gente faça uma discussão para enfrentar esse problema do mercado de trabalho a partir da mudança do modelo econômico (neoliberal). Como fazer as devidas adaptações que exigem o mundo moderno, para fazer um projeto nacional de desenvolvimento que seja capaz de reverter esse quadro de desindustrialização brasileira e retomar o processo de desenvolvimento das nossas forças produtivas, que façam o país crescer e que tenhamos condições de promover a justiça social”, comentou.