Taxistas argentinos conseguiram bloquear a plataforma do Uber em Bueno Aires
Com o objetivo de realizar um intercâmbio de ideias junto ao movimento sindical de países vizinhos, o vice-presidente da CSB no Rio de Janeiro Hildo Braga visitou, entre os dias 15 e 19/02, o Sindicato de Trabalhadores de Táxi de Buenos Aires e a Federação Nacional da categoria na Argentina. O propósito do encontro bilateral foi o de debater ações do país que podem ser aplicadas na organização dos profissionais brasileiros e o combate bem-sucedido da categoria contra os aplicativos de transporte particular individual.
No início de janeiro, a cidade de Buenos Aires conquistou na justiça a decisão inédita de ter as atividades do aplicativo Uber (única plataforma de transporte no País) bloqueadas. De acordo com a agência de notícias da Argentina, Télam, a deliberação foi do magistrado e titular da Corte Nº 2, Víctor Trionfetti, que ratificou a medida cautelar expedida pela juíza Claudia Amanda Álvaro, em abril de 2016, não cumprida pela Autoridade Nacional de Comunicações (Enacom).
Para Braga, tal vitória é só um exemplo da força da mobilização dos companheiros argentinos. Segundo o também diretor do Sindicato dos Taxistas do Município do Rio de Janeiro (STAMRJ), além do bloqueio do site e aplicativo do Uber, a categoria no país conseguiu aprovar leis para que o motorista pego prestando serviço pela plataforma seja preso junto ao passageiro – avanço possível graças à presença de um representante dos trabalhadores na casa legislativa de Buenos Aires, o deputado Claudio Palmeyro.
“A ideia da visita foi a de trocar informações já que eles estão anos-luz à nossa frente em termos de combate aos aplicativos. Então, eu fui saber como eles atuam; conhecer a estrutura das entidades sindicais. E o mais interessante, é que eles conseguiram fazer algo que até agora o Brasil não conseguiu: montar uma federação da categoria e eleger um candidato para a casa legislativa”, conta Braga.
Ainda de acordo com o dirigente, 90% dos usuários do Uber no país são estrangeiros e a maioria é brasileira. O vice-presidente da CSB no RJ também destacou que todo esse sucesso aconteceu mesmo após o aplicativo tentar contornar a lei ao fazer uma parceria junto à empresa de serviços para bitcoin Xapo. Depois de ser proibida a utilização de cartões expedidos na Argentina para o uso do Uber, a plataforma recorreu aos cartões da Xapo por serem registrados em Gibraltar e não bloqueáveis pela legislação municipal de Buenos Aires.
“A Argentina tem feito um trabalho diferente de todo o mundo quanto aos aplicativos de carro particular. Eles não deram chance, praticamente, de o aplicativo entrar no país. Lá, eles montaram uma federação que tornou muito mais difícil o funcionamento do Uber em Buenos Aires e a entrada de outros sites. E o que podemos tirar de aprendizado dessa história e tentar aplicar no Brasil é a união dos trabalhadores. Infelizmente, aqui, a categoria não tem uma união nacional e essa seria a forma de fazer com que a gente consiga suprir os nossos problemas. Acho importante também termos a força de eleger um representante dos trabalhadores para o Congresso, que crie leis favoráveis ao táxi”, aponta o sindicalista.
Outro ponto positivo ressaltado por Hildo Braga é a satisfação da categoria com a atuação do Sindicato de Buenos Aires e da Federação Nacional. Atualmente, as entidades representam, respectivamente, cerca de 40 mil e 120 mil trabalhadores. “Conversei com os taxistas em um ponto de táxi para saber o que eles achavam do movimento sindical e fui surpreendido por uma resposta favorável, por entidades atuantes, fortes, que lutam e agem pelos profissionais”, relata.
Os encontros do vice-presidente da CSB no Rio de Janeiro, junto ao presidente de ambas as entidades Jorge Omar Viviani e o deputado Claudio Palmeyro, aconteceram na sede da Federação (Federación Nacional de Peones de Taxi de la Republica Argentina), localizada na Avenida La Plata, na capital Buenos Aires.