Para Ciro Gomes, reindustrialização no estado de SP retomará o crescimento econômico do Brasil

Ex-ministro da Fazenda também defende o sindicalismo como instrumento fundamental ao desenvolvimento nacional

Sob o argumento de que “São Paulo é o centro da saída da crise do País”, Ciro Gomes abriu, nesta terça-feira (24), os debates do último Congresso Estadual da CSB, em 2017, na capital paulista. A um público de cerca de 400 dirigentes sindicais, o ex-ministro da Fazenda mais uma vez afirmou que a reindustrialização é o principal motor do Brasil em direção à retomada do crescimento econômico e da confiança das instituições políticas.

De acordo com Ciro, este novo projeto nacional desenvolvimentista está baseado em quatro pontos: na elevação do nível de formação de capital nacional; em uma reforma tributária; no fortalecimento da indústria brasileira, principalmente em São Paulo, e em investimentos nos complexos industriais da saúde e da defesa. O ex-governador do Ceará listou as soluções após traçar uma linha do tempo dos sucessivos erros cometidos pelo atual e ex-presidentes da República.

Clique aqui para saber o que levou o Brasil à atual crise segundo Ciro Gomes.

“Está claro que o Brasil não irá crescer com capital estrangeiro e sem um sistema tributário progressivo. Precisamos tributar os lucros e dividendos e as heranças. Somos tão violentamente desiguais que apenas seis brasileiros possuem a fortuna equivalente a 6 milhões dos cidadãos mais pobres. Para além disso, São Paulo deve se reindustrailizar porque a maior desindustrialização aconteceu aqui, a sede do rentismo, do capital financeiro, é aqui. Esse é o pacote que temos toda condição de superar com um sindicalismo forte e atuante, comprometido com o povo”, acredita o político, que reforçou a importância dos sindicatos para a atual conjuntura político-econômica.

Ainda segundo Ciro, “a luta de um sindicalista hoje é uma luta absolutamente hostil”, mas indispensável à defesa democrática dos direitos dos trabalhadores, à união do Brasil e à capacidade de o País desatolar do crescimento pífio de 1% ao ano de sua economia para os 12,5%, já provados possíveis pela China.

“Tenho observado a vida nacional ao longo de 38 anos. E não é possível que o Brasil seja dividido entre ‘coxinhas’ e ‘mortadelas’. O Brasil não cabe nessas definições. É preciso reunir pensares e olhares diferentes para podermos encontrar, por meio de um esforço coletivo, uma saída ao Brasil. E uma das ferramentas para tal realização é o sindicato. É por isso que a CSB é a central que mais cresce no País, porque ela percebeu essa realidade há cinco anos, restaurando o caminho de transmissão, o diálogo, entre o povo e as instituições. Ela faz com que os sindicatos sejam a expressão dos trabalhadores junto ao poder”, destaca Ciro Gomes.

Atualmente, a CSB possui 790 sindicatos, 29 federações e 2 confederações em sua base.

Sindicatos fortes, Brasil mais justo

Durante a abertura do Congresso em São Paulo, Antonio Neto também destacou a necessidade de fortalecer as representações sindicais em prol da classe trabalhadora. O presidente da CSB analisou o momento político, econômico e social do País e preocupou-se com a crise ética e moral que assola os brasileiros.

“Passamos por uma reforma na legislação trabalhista. Ainda não sabemos todos os efeitos, mas uma coisa é certa – nunca antes nesse Brasil os trabalhadores precisaram tanto dos seus sindicatos como vão precisar a partir de 11 de novembro. Tentaram fazer uma reforma para destruir os direitos da classe operária. A partir de agora nossa missão é encontrar um antídoto e fortalecer os sindicatos, que é a célula mater do movimento sindical”, defendeu o dirigente.

Para Antonio Neto, a resposta aos ataques do Congresso Nacional contra os trabalhadores deverá vir nas urnas em 2018. “A verdade é que o voto tem um valor incomensurável. Temos um compromisso, que é eleger representantes comprometidos com os trabalhadores. Nesses três dias de formação teremos um aprendizado muito grande para o enfrentamento. Por isso esse congresso é importante”, completou.

Representatividade

Modificar o cenário nacional e expandir a representatividade da classe trabalhadora no Congresso Nacional, na Assembléia Legislativa e no Senado Federal é imprescindível segundo o vice-presidente da CSB, José Avelino Pereira (Chinelo).

“O Brasil precisa mudar. Precisamos ter a representação necessária para votar as propostas dos trabalhadores. E não existe transformação que não seja feita através do voto popular”, reafirmou o coordenador da CSB/SP.

Em defesa da democracia, Alvaro Egea, secretário-geral da CSB, reforçou a importância da independência, do desenvolvimento e justiça social, bandeiras defendidas veemente pela Central.

“Não podemos aceitar nenhum tipo de política que visa enfraquecer o nosso sistema democrático, porque os principais atingidos seremos nós, os trabalhadores. Esse encontro é um momento crucial, onde a gente aprofunda o nosso conhecimento e deixa muito claro que para que a luta dos trabalhadores tenha futuro temos que propagar o diálogo e impedir a desmoralização da representação política e sindical”, finalizou.

Também estiveram presentes, na abertura do Congresso Estadual da CSB, o vereador da cidade de São Paulo Adilson Amadeu (PTB/SP), o deputado estadual Caio França (PSB/SP) e o vereador Rivael de Souza (PSB-SP), o Papinha.

Força nacional

O Congresso da CSB em São Paulo encerra uma série de eventos promovidos ao longo do ano. Desde abril, a Central preparou seus dirigentes, promoveu debates importantes e elegeu diretorias regionais para ampliar a luta dos trabalhadores pelo País. Foram realizados congressos em Santa CatarinaCearáRio de JaneiroParanáMato GrossoGoiásMinas Gerais e Rio Grande do Sul.

Homenagem

Um momento simbólico marcou a cerimônia de abertura do Congresso em São Paulo. Em agradecimento ao ex-ministro da Fazenda pelos serviços prestados ao Brasil, Antonio Neto entregou a Ciro Gomes um busto de Getúlio Vargas.

Nas palavras do presidente da CSB, o gesto “é uma lembrança para que você se inspire ainda mais. As teses do alicerce da nação brasileira estão com Getúlio. Que isso te inspire nessa caminhada”, desejou Neto.

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