Posse dos novos diretores da regional foi chancelada no encerramento do Congresso da CSB na capital
Após a realização do 2º Congresso Estadual da CSB, desta vez em Fortaleza, a nova diretoria da Seccional Ceará foi eleita e tomou posse neste sábado (06). Pautados na luta pela ampliação do trabalho da Central no estado e pela mobilização contra as reformas trabalhista e da Previdência, os dirigentes ratificaram, durante a sessão plenária, a posição da Entidade na organização de suas bases contra os retrocessos propostos pelo governo.
Setenta categorias participaram dos quatro dias de Congresso, e a abertura da plenária contou com a presença do senador José Pimentel (PT-CE). O presidente eleito da Seccional, Francisco Moura, afirmou que a eleição da diretoria representa uma felicidade para os sindicalistas do Ceará e, ao mesmo tempo, uma enorme responsabilidade.
“Tudo isso que aconteceu só foi possível porque tivemos o apoio da Direção Nacional da CSB, que também não existiria se não tivesse o apoio de cada um aqui presente”, disse. Segundo Moura, as reformas propostas pelo governo exigem a mobilização contínua do conjunto de representação dos trabalhadores. “Estão querendo passar um rolo compressor, querem nos calar na marra. Nós, da CSB, não cederemos e não abriremos mão, lutaremos para defender todos os interesses dos trabalhadores”, reforçou o presidente da seccional.
O senador José Pimentel lembrou o sucesso da greve geral do último dia 28 de abril, quando mais de 40 milhões de trabalhadores cruzaram os braços e foram às ruas para protestar contra a retirada de direitos. Para o parlamentar, as mudanças negativas em mais de cem artigos da legislação trabalhista representam uma grave ameaça. “A pior delas é o trabalho intermitente. Com ele, o trabalhador não vai ter mais carteira assinada, não terá mais direitos como 13º, FGTS e aposentadoria etc.”. Pimentel explicou que esse “é o pior artigo da reforma porque o Brasil não terá mais vínculo empregatício”.
A PEC 287 também foi destacada por Pimentel, que fez questão de deixar claro que a Seguridade Social é superavitária, além de lembrar os grandes grupos empresariais devedores da Previdência Social. Segundo o senador, o Grupo JBS é o maior deles. O assunto, inclusive, foi posto em evidência pelo vice-presidente nacional da CSB, José Avelino Pereira (Chinelo). “Eles têm de pagar o que devem para a Previdência, em especial os banqueiros, que mais têm lucro, mas, não, querem tirar dos mais pobres, do trabalhador”, pontuou Chinelo, que parabenizou os dirigentes do Ceará e reforçou a necessidade da união no processo de ampliação da Entidade em todo o estado.
O secretário-geral, Alvaro Egea, transmitiu a mensagem de resistência deixada pelo presidente Antonio Neto, que conclama os dirigentes a usarem todas as armas de defesa dos trabalhadores no Congresso Nacional para derrubar as reformas. Egea reiterou também a união das centrais sindicais como ferramenta de fortalecimento da luta. “A reforma trabalhista foi construída por setores do patronal, dos empresários. A maioria do nosso Congresso [Nacional] é composta por empresários. É importante denunciarmos esses deputados vendidos. Vamos dizer não aos traidores”, reforçou sobre a necessidade de ser eleger quadros que trabalhem pelos trabalhadores na Câmara e no Senado.
CSB Ceará no fortalecimento das lutas
Na contramão das conquistas históricas obtidas pelo povo brasileiro na última década, as reformas representam “a luta de uma nação contra um grupo de oportunistas e predadores que querem acabar com estes avanços” segundo Cosme Nogueira, secretário de Formação Sindical da CSB. Para o dirigente, o que está no centro da discussão não é a retirada do imposto sindical, mas sim os direitos dos trabalhadores. “Eles estão rasgando a CLT. Eles querem voltar ao passado, no tempo onde os trabalhadores não tinham nenhum direito, acabando com a Seguridade Social, tudo para beneficiar os grandes centros econômicos, as oligarquias”, elencou.
O secretário de Comunicação da Central, Alessandro Rodrigues, reafirmou a importância da Seccional Ceará. Segundo o dirigente, a nova diretoria terá “a missão de ampliar os trabalhos para que a CSB tenha protagonismo na política e na luta dos trabalhadores do estado”. “Querem voltar com o sistema escravagista. Eles chegaram ao cúmulo de propor esse novo sistema para o trabalhador rural. É uma proposta golpista”, destacou o dirigente sobre o projeto da bancada ruralista na Câmara, que, dentre outras ameaças, propõe que os trabalhadores do campo recebam alimentação e moradia como forma de pagamento no lugar dos salários.
Moções
Durante a plenária, foram apresentadas e aprovadas moções de repúdio. Uma delas refere-se ao Ministério Público Estadual, que responsabilizou a diretoria do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado do Ceará e vários associados pela má gestão da Secretaria de Justiça, descaso que culminou na fuga e na morte de dezenas de presos. (Leia matéria especial aqui.)
Em outra moção, os taxistas do estado condenaram a ameaça à categoria e à população pela competição ilegal dos aplicativos de transporte particular, como o Uber. Os despachantes documentalistas, por sua vez, condenam a Resolução 655, de janeiro de 2017, do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), que dispõe sobre o registro nacional de veículos em estoque. Segundo Sérgio Holanda, presidente do SINDECE, a medida suprime o papel do despachante documentalista de trânsito. Além disso, o dirigente critica o descaso por parte do DETRAN/CE, que não atende aos requisitos legais da profissão para a correta identificação do profissional nas autarquias de trânsito.
Também aprovadas por unanimidade foram as moções contra as reformas trabalhista e da Previdência, nas quais os congressistas ratificaram a posição da CSB e de suas bases na luta incessante pela derrubada dos projetos e na manutenção do enfrentamento no Congresso Nacional.
Formação Política
A abertura do Congresso Estadual da CSB no Ceará aconteceu no dia 03, com a presença do ex-ministro Ciro Gomes, que destacou o papel da Central na busca pela soberania e independência econômica brasileira (Leia aqui). Nos dias 04 e 05, os congressistas participaram do Curso de Formação Política e Sindical, voltado para a capacitação dos dirigentes. Entre os assuntos apresentados e debatidos estão a proteção a dirigentes sindicais, os procedimentos no Ministério do Trabalho, estatuto sindical, assédio moral e a história do movimento progressista brasileiro (Veja a cobertura completa nos links abaixo).
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