Central dos Sindicatos Brasileiros

“Nós não vamos pagar o custo que a burguesia quer impor junto à classe trabalhadora. É a defesa do legado Varguista que está em jogo”, diz Wendel Pinheiro

“Nós não vamos pagar o custo que a burguesia quer impor junto à classe trabalhadora. É a defesa do legado Varguista que está em jogo”, diz Wendel Pinheiro

Com o tema “história do movimento progressista brasileiro”, professor defendeu a luta das centrais pela manutenção dos direitos

Aconteceu, na tarde desta quarta-feira (24), a terceira apresentação do 1º dia de palestras do Congresso Estadual da CSB. A aula foi ministrada por Wendel Pinheiro, historiador e membro da Fundação Leonel Brizola/Alberto Pasqualini. Por meio de um exercício de história comparada, o professor colocou em pauta o processo histórico brasileiro na construção da consciência da classe trabalhadora.

Ao relembrar as lutas do movimento operário, Wendel fez um paralelo com a realidade enfrentada pelos brasileiros nos dias de hoje. “Em um momento onde os direitos conquistados têm sido colocados em cheque, é fundamental que os líderes sindicais tenham o mínimo entendimento. Só assim vocês irão compreender onde se encontram e qual o seu papel na atual conjuntura”, disse aos sindicalistas presentes em Curitiba.

O historiador ressaltou que o papel da classe operária na sociedade nem sempre foi claro, menos ainda respeitado. No Brasil, a primeira tentativa de organização dos trabalhadores aconteceu em 1907, com a criação da Central Operária Brasileira (COB). Ainda assim, o período conhecido como Primeira República (1889 – 1930) foi marcado por mobilizações e manifestações laborais não reconhecidas pelo Estado. A consciência de classe e o posicionamento combativo dos trabalhadores brasileiros só começaram a existir de fato a partir da Era Vargas.

Mesmo assim, segundo o palestrante, ainda é preciso reforçar o papel da classe laboral nos dias de hoje. “Atingir a consciência de classe faz com que o trabalhador se coloque na posição de Ser político e consciente, um ator capaz de promover mudanças essenciais. Os trabalhadores produzem a riqueza do País e precisam ser respeitados nas suas manifestações políticas e sociais”.

Conhecimento como ferramenta de luta

Promover o preparo político e ideológico das lideranças sindicais é fundamental, pois garante o posicionamento combativo das entidades nos embates. Para o especialista Wendel Pinheiro, a formação política é capaz de fazer com que os sindicatos tenham condições de orientar o conjunto dos trabalhadores e lutar por melhores condições.

Em referência às manifestações realizadas em Brasília nesta quarta-feira (leia aqui a cobertura completa da marcha) Wendel reafirmou o protagonismo dos sindicatos e das centrais em um momento conturbado e de enfrentamento.

“Nós não vamos pagar esse custo que a burguesia quer impor à classe trabalhadora. É a defesa do legado Varguista que está em jogo. O nosso papel e o papel da CSB é ser contra qualquer retirada. Não reconhecer esse Congresso de pessoas que, além de corruptas, querem promover o desmonte do Estado brasileiro e a diminuição dos direitos, voltando ao que era na Primeira República”, defendeu.

História do movimento progressista brasileiro

Começando pelos movimentos de insurreição popular da Primeira República, o historiador Wendel Pinheiro traçou um panorama sobre o movimento sindical até a redemocratização do Brasil.

De 1889 até 1930, o movimento sindical passa a se organizar minimamente com a presença de quadros reformistas. Neste período, o processo incipiente de industrialização contribuiu para o atraso da formação de um movimento operário devidamente organizado. Soma-se a isso uma constituição que não reservava direitos sociais e excluía os trabalhadores.

É apenas na Era Vargas (1930 – 1945) que os direitos trabalhistas e previdenciários são objetos de atenção prioritária do poder público e se tornam política de Estado. A Consolidação das Leis do Trabalho asseguraram a justiça social do trabalhador. Já a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio assegura a igualdade nas relações de trabalho de ordem capitalista.

Vargas, que já havia assegurado a aposentadoria dos trabalhadores, tem em João Goulart a continuação de seu trabalho no período da experiência democrática (1945 – 1964). Jango foi responsável por acabar com a perseguição ao movimento sindical e abrir um diálogo direto com os trabalhadores. “A partir do reconhecimento dessas lutas por João Goulart, temos uma grande vitória do movimento operário e um salto de qualidade sem precedentes. Tudo isso com a carta branca de Getúlio Vargas”, finalizou Wendel Pinheiro.

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