Ação nos EUA questiona desligamentos, que devem atingir 3 mil pessoas, sem aviso prévio. Volks, GM, Pfizer e outras suspendem publicidade; Musk reclama de queda de receita
Uma semana depois do anúncio de aquisição do Twitter por Elon Musk, a empresa já é alvo de processo judicial por demissão em massa – as dispensas começaram hoje – e vê uma série de anunciantes suspender publicidade na plataforma. Pfizer, General Mills e General Motors decidiram interromper os anúncios postados no microblog até que os planos de moderação de conteúdo de Musk fiquem mais claros. Nesta sexta-feira, a Volkswagen, maior montadora da Europa, ampliou a lista.
A ação coletiva da qual o Twitter é alvo foi aberta na quinta-feira no Tribunal Federal de São Francisco e acusa a empresa de dispensar funcionários sem aviso prévio, violando as leis federais dos EUA e da Califórnia. De acordo com a ação, quando há demissões em massa, os funcionários devem receber o aviso com 60 dias de antecedência.
Musk fechou a compra do Twitter na sexta passada, tornando-se CEO da empresa. Nesta quinta-feira, um comunicado interno informava que a companhia iniciaria demissões hoje. A expectativa é que cerca de 3.700 empregados sejam dispensados.
O processo está em nome de cinco empregados. Um deles foi demitido em 1º de novembro. Os demais não receberam notificação sobre qualquer dispensa, mas já tiveram acesso a seus emails negados.
Num clima de apreensão, vários empregados vêm relatando a colegas que o acesso ao e-mail e ao Slack foi cortado na noite de quinta-feira. Eles suspeitam de que sejam demitidos, embora não tenham recebido comunicação oficial.
Ao mesmo tempo, anunciantes suspenderam temporariamente a publicidade no Twitter, enquanto repensam sua presença na plataforma. Nesta sexta-feira, a Volkswagen aconselhou todas as suas marcas a pausar os gastos com publicidade na rede social “até novo aviso”.
As marcas estão repensando sua presença no Twitter e querem ter uma ideia mais clara dos planos de Musk, que já avisou que deseja remover parte da moderação de conteúdo no Twitter, dando origem a preocupações de que discurso de ódio, desinformação e outros materiais potencialmente prejudiciais floresçam ainda mais livremente.
O movimento dos anunciantes deixou Musk irritado. Em sua conta no Twitter, ele disse que a rede “teve uma grande queda de receita devido a grupos ativistas que pressionam anunciantes, mesmo que nada tenha mudado com relação à moderação de conteúdo e que tenhamos feito tudo o que podíamos para acalmar ativistas”. E complementou “Eles estão tentando destruir o discurso livre na América”
– Pausamos a publicidade no Twitter. Como sempre, continuaremos monitorando essa nova direção e avaliando nossos gastos com marketing – confirmou Kelsey Roemhildt, porta-voz da General Mills.
O magnata da publicidade Martin Sorrell, presidente da S4 Capital, disse que sua empresa está aconselhando os clientes a adotar uma abordagem de “esperar para ver” como a plataforma irá se comportar daqui pra frente. A holding Interpublic Group of Cos. também aconselhou seus clientes a darem uma pausa no marketing no Twitter.
– Os clientes não querem conflito, não querem controvérsia. Eles querem um ambiente estável, e o que vimos na última semana é muita inconsistência – disse Sorrell em entrevista à Bloomberg TV, em Lisboa, onde participa da Web Summit.
O Twitter representa apenas cerca de 1% da mídia digital global, disse Sorrell, mas a pltaforma depende da publicidade para a maior parte de sua receita. Na semana passada, Musk tuitou uma carta aberta aos profissionais de marketing na qual disse que deseja tornar o Twitter “a plataforma de publicidade mais respeitada do mundo”.
Um porta-voz do Twitter não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Bloomberg.
Informações: O Globo