Para grevistas, reunião terminou sem acordo e protestos continuam até sexta
No quarto dia de greve, houve aumento no total de bloqueios em rodovias em comparação com o dia anterior e com atos em ao menos 15 estados. Os caminhoneiros fazem bloqueios em rodovias federais em mais de 40 cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e Espírito Santo, nesta quinta-feira (24). Os grevistas permitem a passagem apenas de carros, ônibus e ambulâncias.
Em São Paulo, os grevistas bloqueiam ao menos cinco pontos da rodovia Régis Bittencourt. Os protestos no sentido Paraná ocorrem nos quilômetros 382 ao 386 (Miracatu), do 277 ao 280 (Embu das Artes) e do 474 ao 477 (Jacupiranga).
Quem trafega pela via no sentido São Paulo encontra bloqueios do km 283 ao 280 (Embu das Artes) e do 478 ao 477 (Jacupiranga).
No trecho da Régis no Paraná, o protesto dos caminhoneiros ocorre na pista sentido São Paulo do km 70 ao 67, em Campina Grande do Sul. Há quase duas dezenas a mais de atos do que os registrados nesta quarta (23): são 55 no início desta manhã, enquanto a quarta contava com 36, também segundo a PRF.
O mesmo ocorre em Santa Catarina, com 45 pontos de manifestação nesta quinta-feira (24), ante os 28 registrados na quarta.
No trecho de São Paulo da rodovia Presidente Dutra, os grevistas interditam o km 186 (Santa Isabel), quilômetros 158, 159, 162 e 166 (Jacareí), km 154 (São José dos Campos), km 130 (Caçapava), km 92 e km 101 (Pindamonhangaba), km 52 (Lorena). No Rio de Janeiro, os protestos dos caminhoneiros ocorrem no km 204 (Seropédica), km 267 e km 276 (Barra Mansa).
No Rodoanel, no trecho entre as rodovias Imigrantes e Anchieta, em São Paulo, apenas uma faixa da via nos dois sentidos estava liberada devido ao protesto, por volta das 6h.
Por volta das 6h30, a pista sentido litoral da rodovia dos Imigrantes estava com três faixas bloqueadas devido a uma barricada de fogo.
Em Minas Gerais, no início da manhã já havia 47 pontos de manifestação de caminhoneiros, alguns deles de forma ininterrupta desde o início dos protestos, conforme dados da PRF (Polícia Rodoviária Federal). No início da manhã de ontem, eram 41 os pontos.
Os protestos ocorrem nas cidades de Carmópolis de Minas, Perdões, Extrema, Betim, São Joaquim de Bicas, Igarapé, Perdões, Lavras, Carmo da Cachoeira, São Gonçalo do Sapucaí e Pouso Alegre.
Já no Espírito Santo, são registrados bloqueios na rodovia BR-101, nas cidades de Sooretama, Bebedouro, Linhares, João Neiva, Aracruz, Ibiraçu, Serra, Cariacica, Viana, Iconha e Itapemirim. Na BR-262, há interdições em Ibatiba, Pedra Azul e Domingos Martins.
Também ocorrem protestos na BR-259, nas cidades de Colatina e Baixo Guandu; na BR-447, em Vila Velha.
A paralisação é organizada pela Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), que representa motoristas autônomos –a paralisação não envolve veículos fretados.
A manifestação fez com que prefeituras do interior paulista também reduzissem a partir desta quinta-feira (24) as frotas de ônibus nas ruas.
É o que está acontecendo na maior cidade do interior, Campinas, que reduziu a frota de ônibus em 40% para esta quinta. Os veículos estão circulando como aos sábados, o que significa maior tempo de espera para os passageiros.
O mesmo acontece em Ribeirão Preto, São José dos Campos, Franca e Guarujá.
Desabastecimento
Em São Paulo, a falta de combustível se acentua em postos principalmente do interior.
Já falta gasolina e etanol também em postos da Baixada Santista e Vale do Ribeira, em cidades como Santos, Guarujá e Praia Grande.
O porto de Santos segue como um dos alvos da greve dos motoristas, que estão vetando a chegada de caminhões.
Sem acordo
O presidente Michel Temer pediu nesta quarta-feira (23) aos caminhoneiros que eles deem uma trégua de três dias para as paralisações que atingem estradas em todo o país.
“Eu pedi que nesta reunião se solicitasse uma espécie de trégua para que em dois, três dias no máximo nós possamos encontrar uma solução satisfatória para os brasileiros e para os caminhoneiros”, disse
A paralisação já se estende por quatro dias e, mesmo o anúncio feito na terça (22), sobre redução de impostos que incidem sobre o diesel, não acalmou a categoria, que protesta diante da alta dos preços dos combustíveis.
A fala do presidente aconteceu após evento no Palácio do Planalto e na sequência de uma reunião do governo com representantes dos caminhoneiros.
“Desde domingo nós estamos trabalhando nesse tema para dar tranquilidade não só ao brasileiro, que não quer ver parado o abastecimento, mas também tentando encontrar uma solução que facilite, especialmente, a vida dos caminhoneiros.”
A reunião na Casa Civil entre Abcam (Associação Brasileira de Caminhoneiros) e governo federal terminou sem acordo.
A associação se encontrou com representantes da União para decidir se iria manter a greve que paralisa estradas pelo Brasil desde segunda. Os caminhoneiros planejam manter a manifestação pelo menos até sexta-feira, apurou a Folha.
Estavam presentes o ministro dos Transportes, Valter Casemiro, o ministro da secretaria de governo Carlos Marun e o diretor geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Mário Rodrigues.
Reivindicações
Os caminhoneiros pedem mudanças na política de reajuste dos combustíveis da Petrobras (medida que o governo refuta) e redução da carga tributária para o diesel (que está em negociação).
A nova política de reajustes, adotada pela Petrobras em julho do ano passado, é bem-vista por investidores por acompanhar o padrão adotado em outros países. Alterá-la agora seria interpretado como intervenção do governo na estatal.
Com essa nova política, os valores dos combustíveis sofrem alterações diárias que acompanham a cotação internacional do petróleo e a variação do câmbio.
Como o dólar e o preço do óleo tiveram repiques, o valor do diesel saltou. Em um mês, o litro do diesel na bomba subiu 4,9%, de R$ 3,42 para R$ 3,59, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo).
Fonte: Folha de S. Paulo