A renda per capita do conjunto dos contribuintes do Imposto de Renda da Pessoa Física caiu 3,3% em termos reais de 2014 a 2016, quando a economia brasileira enfrentou sua pior recessão. Mas, no segmento mais rico da população – formado por pessoas que ganhavam mais de 160 salários mínimos por mês (R$ 140,8 mil à época) -, a renda per capita cresceu 7,5% reais. O número de pessoas nesse segmento caiu, mas o total da renda subiu 2,2% em termos reais, indicativo de que a concentração de renda pode ter aumentado, diz o economista Sérgio Gobetti, do Ipea, com base em documento da Receita Federal.
Em 2013, 71.440 contribuintes com renda superior a 160 salários tiveram renda total de R$ 309,6 bilhões (salários mais aluguéis, ganhos de aplicações financeiras e lucros e dividendos). Em 2016, os contribuintes nessa faixa foram 67.934 e sua renda foi de R$ 399 bilhões.
O documento reforça a conclusão de que os mais ricos pagam muito pouco Imposto de Renda no país. A alíquota efetiva do IR em 2016 para o topo da pirâmide foi de apenas 6,1%, porque dois terços da renda nessa faixa eram isentos, provenientes principalmente de lucros e dividendos. O contribuinte desse grupo dispôs de renda média de R$ 5,873 milhões. Desses, R$ 3,805 milhões eram rendimentos isentos, R$ 1,390 milhão tributado exclusivamente na fonte (aplicações financeiras) e só R$ 677,9 mil tributáveis. Os que mais pagaram IR, com renda de 30 a 40 salários mínimos por mês, tiveram alíquota efetiva de 12,1%.
Fonte: Valor Econômico