Profissionais liberais vão às ruas na França

Reforma de carreiras regulamentadas, como médicos e farmacêuticos, foi alvo de protestos

PARIS – Encerrada a greve de pilotos da Air France, um novo movimento teve início ontem na França. Médicos, farmacêuticos, fisioterapeutas, dentistas e outros profissionais liberais foram às ruas protestar contra a reforma proposta pelo governo de François Hollande que flexibiliza as carreiras regulamentadas e protegidas da concorrência. O objetivo é reduzir os privilégios da classe, cujos benefícios resultariam em mercado fechado e preços elevados.

As manifestações foram realizadas na capital, Paris, mas também em Bordeaux, Marselha, Montpellier, Nantes e Toulouse, e envolveram profissionais de 70 áreas – de um total de 200. A mobilização foi maior nas áreas médica e biológica. Segundo sindicatos setoriais, 77% dos consultórios, farmácias e escritórios fecharam as portas no país. De acordo com a Ordem dos Farmacêuticos da França, 90% das 22 mil farmácias, que empregam 150 mil pessoas, fecharam as portas ontem, liderando o protesto em todo o país.

Os farmacêuticos lutam contra o fim do monopólio na venda de medicamentos – o projeto prevê que supermercados possam oferecer remédios que dispensem receitas médicas. “Em 30 anos de carreira, é a primeira vez que eu vejo uma mobilização. É realmente excepcional”, comemorou Isabelle Adenot, presidente do Conselho da Ordem dos Farmacêuticos. “Nosso papel também é defender a honra da profissão. É por isso que apoiamos a mobilização.”

Um dos temores dos farmacêuticos é de que a venda de medicamentos em supermercados roube-lhes mercado e faça os preços baixarem em um primeiro momento, mas provoque o fechamento de farmácias e o posterior aumento dos preços.

Além dos farmacêuticos, 70% dos médicos, 60% a 70% dos dentistas, 50% dos enfermeiros e arquitetos e 50% dos veterinários e dos advogados teriam cruzado os braços ontem, ainda segundo os sindicatos – não houve avaliação do governo para contrapor esses dados.

“É um dia histórico, porque a greve teve alta adesão em todos os setores. Não convocamos a manifestação, mas muita gente desfilou”, disse Michel Chassang, presidente da União Nacional dos Profissionais Liberais (Unapl).

Em Paris, o movimento começou ainda pela manhã, quando centenas de profissionais, em especial das áreas médicas, saíram às ruas vestindo jalecos brancos e com apitos e cartazes contra a proposta de desregulamentação.

Os manifestantes fizeram uma passeata entre a Esplanada dos Inválidos, passando pelo Senado e encerrando em frente ao Ministério da Economia, que elabora o projeto de reforma. Segundo o ministro da Economia, Emmanuel Macron, os protestos de ontem foram “legítimos”, e devem abrir uma fase de “soluções concertadas” na reforma.

Fonte: ANDREI NETTO – O ESTADO DE S.PAULO

Compartilhe:

Leia mais
Camara aprova teto salario minimo e mudança bpc
Corte de gastos: Câmara aprova teto para aumento do salário mínimo e mudança no BPC
CSB na Secretaria nacional da juventude conjuve
CSB assume cadeira no Conjuve, conselho que debate políticas públicas para a juventude
codefat aprova calendario pagamento abono salarial 2025
Conselho aprova calendário de pagamento do Abono Salarial para 2025; confira datas
regras aposentadoria 2025 reforma da previdência
Haverá ajuste na idade para pedir aposentadoria em 2025; entenda as novas regras da previdência
Câmara aprova fim da desoneração da folha de pagamento
Câmara aprova imposto mínimo de 15% sobre lucro de multinacionais, seguindo padrão da OCDE
aumento salário mínimo 1954 getúlio vargas
O que aconteceu no Brasil depois que Getúlio aumentou em 100% o salário mínimo
Fachada tst
TST derruba regra da reforma trabalhista que limitava acesso à Justiça gratuita; entenda
trabalhadora obrigada a mostrar os seios
Empresa é condenada a indenizar trabalhadora obrigada a mostrar os seios para superior
paralisação sindimetropolinato ônibus porto alegre
Rodoviários da região de Porto Alegre paralisam atividades por reajuste salarial não pago
Flavio Dino e Rubens Paiva
Lembrando Rubens Paiva, Dino defende que Lei da Anistia não se aplica a ocultação de cadáver