Para fortalecer a união dos sindicatos contra os retrocessos, tem início o Congresso Estadual do Paraná

Abertura do evento foi marcada por discursos de luta contra os ataques à classe trabalhadora

Centenas de líderes e representantes sindicais participaram, na noite desta terça-feira (23), da abertura oficial do Congresso Estadual do Paraná. Realizado em Curitiba, o primeiro evento da Seccional faz parte da série de congressos organizados pela CSB no País. Reforçando o lema “sindicatos fortes, Brasil mais justo”, a edição paranaense começou com discursos de luta e união. O secretário de Comunicação da CSB, Alessandro Rodrigues, leu uma mensagem do presidente Antonio Neto, ausente devido à marcha das centrais sindicais que acontece dia 24 em Brasília.

O presidente da CSB demonstrou preocupação com o momento sombrio em que vive o País. Para o dirigente, a desmoralização da classe política em todos os níveis da República chegou a um patamar jamais visto. A onda de corrupção que assola o Brasil atinge diretamente a classe trabalhadora e ataca os movimentos sociais e de defesa dos trabalhadores. “São estes [parlamentares, senadores, deputados e juízes] que desancam o seu ódio contra o movimento sindical. Por quê? Porque resistimos, porque jamais permitiremos o desmonte e o retrocesso nos nossos direitos sem lutar”, defendeu.

Guiados pelo lucro, dinheiro e pelo crescimento a qualquer custo, grandes crimes e barbáries são praticados contra a civilização e contra os seres humanos, destacou Neto na mensagem. “Foi assim com a escravidão e é assim nos dias de hoje, quando o setor patronal banca uma proposta de retrocesso nos direitos trabalhistas e sociais, chancelada na Câmara com uma rapidez jamais vista na história. Querem agora fazer o mesmo no Senado”, afirmou Neto em referência à reforma trabalhista.

Apesar da pressão dos parlamentares contrários à proposta, o relatório do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) foi dado como lido na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), durante audiência realizada nesta terça, e segue agora para votação na CAE, no dia 30.

Diante do golpe praticado contra os trabalhadores, Antonio Neto convocou os dirigentes para a luta contra os retrocessos, em favor da soberania nacional e do desenvolvimento econômico com justiça social. “Por este motivo é que defendemos a realização de eleições gerais para o Congresso e para a Presidência da República, permitindo que o povo se manifeste novamente contra este absurdo que tentam fazer no Parlamento. E nós venceremos, nós lutaremos. O País precisa agora dos bravos, dos combatentes. Vamos sim lutar, vamos sim vencer. Este é o nosso destino, esse é o destino do Brasil” conclamou.

Representação e protagonismo

As conquistas do movimento sindical em defesa da classe trabalhadora foram citadas por Juvenal Pedro Cim, secretário de Finanças da CSB. Ao destacar a trajetória e a importância das centrais, ele defendeu a participação das entidades na política nacional. Na visão do dirigente, sindicatos são organizações de representação de interesse dos trabalhadores, criados para compensar o poder dos patrões na relação capital-trabalho, que é sempre desigual.

“Estamos vendo a precarização nas relações de trabalho, submetendo os trabalhadores aos mandos do patrão. Essas mudanças apontam para um retrocesso que fere todo o sistema de negociação coletiva existente. No momento de dificuldade é que a classe trabalhadora percebe o valor dos sindicatos”, enfatizou Juvenal Cim.

Na mesma linha, o vereador Agenor “Cacá” Pereira defendeu a legitimidade dos sindicatos. Para o presidente do Sintramotos, o momento é de trabalho e união. “Não temos que ter medo de defender o certo, estamos ao lado dos trabalhadores. Esse Congresso é a chance de trocarmos experiências, de somarmos esforços, forças. Os dirigentes aqui não foram escolhidos à toa, foram porque têm competência. Juntos, somos fortes, somos muito mais”.

Para o 2º secretário-geral, Raimundo Firmino dos Santos, o Congresso do Paraná é um momento histórico para a Central. O dirigente disse também que o cenário político e econômico do País suscita importantes discussões. “Estamos discutindo a causa da cidadania, da família e dos trabalhadores. Precisamos de muita reflexão e dizer a todos que esses não são os representantes dos trabalhadores brasileiros. E nós, como dirigentes, precisamos dar esse grito”, destacou Firmino sobre os parlamentares que vêm atuando contra os trabalhadores nos projetos em tramitação no Congresso Nacional.

O protagonismo do movimento sindical foi destaque no discurso de Cezar Amin Pasqualin, secretário dos Profissionais Liberais da Central. Segundo ele, “A iniciativa da CSB é uma oportunidade para trocar entendimento sobre aquilo que se pratica de sindicalismo do Brasil”. “Estamos diante de uma situação de desmonte”, disse em referência à tentativa de enfraquecimento da representação dos trabalhadores.

Francisco Gérson Marques, procurador regional do Trabalho no Ceará, apontou que a realidade do Brasil apresenta grandes embates aos sindicalistas. “Em meio a esses desafios econômicos, trabalhistas, políticos e sociais, o sindicalista encontra desafios internos. Chegou a hora de enfrentá-los. Isso está nos valores, na ética, na moral e na honestidade”, concluiu.

O Congresso Estadual do Paraná continua até o dia 26, com palestras ministradas por especialistas, desembargadores, além de tratar de assuntos como as reformas trabalhista e da Previdência, estatuto sindical e proteção dos dirigentes. Para o último dia, está reservada a eleição da diretorial estadual.

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