Estado forte ainda atrai apoio popular

A economia do país deve ser regulada mais pelo Estado do que pelo mercado. O Estado deve ser dono das empresas mais importantes do país. Ser também o responsável pelo bem-estar da população e pela redução das variadas manifestações de desigualdade. Sem margem para dúvida, tem de garantir as aposentadorias aos mais velhos e ser o principal provedor dos serviços de saúde e educação.

Em síntese, essa é a opinião média do brasileiro a respeito do papel do Estado na economia e na sociedade, mostra pesquisa quantitativa nacional feita em março pelo Instituto da Democracia e da Democratização da Comunicação, parte do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT). O estudo mostra valorização e desejo de um Estado grande, forte, presente e interventor.

O levantamento, obtido com exclusividade pelo Valor, foi feito entre os dias 15 e 23 de março com 2,5 mil entrevistas domiciliares em 179 municípios de 25 Estados e do Distrito Federal (exceção foi o Amapá). A margem de erro do estudo é de dois pontos para mais ou para menos.

Na apuração, os entrevistados eram convidados a estabelecer valor numa escala de 1 a 10 em diversos temas. As notas inicias eram associadas à maior presença do Estado nas questões propostas. As notas maiores, à maior participação do setor privado.

O estudo mostra que o estatismo cresce quanto maior for o caráter social da questão proposta. Exemplo: 42,7% dos entrevistados estão totalmente de acordo com a ideia segundo a qual “o Estado, mais do que o setor privado, deve ser o principal responsável por prover educação”. É onde o clamor pela presença do Estado atingiu a taxa mais expressiva. No polo oposto, somente 3,5% estão totalmente em desacordo com isso. No caso da saúde, os resultados foram parecidos: 42,2% favoráveis ante 3,4% que discordam.

Quando o assunto é regulação, o tendência pró-Estado também vence, mas com margem consideravelmente menor: 14,6% são favoráveis à presença máxima do Estado ante 10,5% que preferem máxima liberdade para o mercado. Sinal do equilíbrio foi a frequência de opções pelas notas intermediárias (5 e 6): 22,2%.

Algo mais ou menos na mesma linha ocorre quando o brasileiro é chamado a opinar sobre o controle das empresas: 17,4% estão totalmente de acordo com a ideia segundo a qual o Estado deve ser o dono das principais companhias. Outros 21,6% adotam posições próximas dessa. Os que discordam totalmente ou parcialmente somam 28,1%. Posições intermediárias são 19,2%.

O Instituto responsável pela pesquisa é composto por representantes de quatro instituições acadêmicas principais (UFMG, Iesp/Uerj, Unicamp e UnB). Os resultados serão objeto de estudos que deverão ser destrinchados por pesquisadores ao longo dos próximos meses.

Responsável pela condução da pesquisa, o cientista político Leonardo Avritzer, da UFMG, afirma que os resultados demonstram “consolidação” de um modelo de proteção social criado pela Constituição de 1988. Ele lembra que a Carta está na origem de vários aparatos de proteção, como o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), entre outros.

“Outro aspecto a ser destacado é que o liberalismo brasileiro, pelo que a pesquisa sugere, ainda não passou na prova de que consegue organizar a proteção social, gerar melhores salários e melhores serviços de saúde e educação”, disse. “A população percebe isso”, completou.

Conforme mostrou o Valor na edição de ontem, a mesma pesquisa identificou que o apreço pela democracia tem diminuído. Há desconfiança geral em relação às instituições, e o apoio à hipótese de um golpe parece crescente.

O INCT conta com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenadoria para Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig).

Fonte: Valor  Econômico

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