O palestrante engenheiro agrônomo Antônio Angelo, do Intagro, vai estudar um novo arranjo socioprodutivo com a verticalização da produção e abastecimento do mercado solidário local
O engenheiro agrônomo Antônio Ângelo, do Intagro (Instituto Agropecuário do Brasil), realizou no último sábado (19), uma palestra explicativa na sede da Colagoa (Cooperativa Agrícola Mista da Lagoa São Paulo), para um grupo trabalhadores rurais assentados e dirigentes da cooperativa. A palestra do engenheiro teve como objetivo fazer uma apresentação do Planapo (Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica) do Governo federal, e mostrar aos produtores rurais que é viável transformar suas pequenas propriedades em áreas produtivas, com a mudança do padrão de vida de suas famílias.
O Intagro é parcerio da Fenata (Federação Nacional dos Técnicos Agrícolas), filiada à CSB (Central de Sindicatos Brasileiros), que organizou e estruturou o encontro na sede, no bairro da Agrovila – um distrito Campinal, em Presidente Epitácio – às margens do Lago da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sergio Motta, próximo à divisa de São Paulo com o estado do Mato Grosso do Sul.
A próxima etapa do projeto será a sensibilização das lideranças e assentados e o levantamento dos produtores rurais cadastrados. Estas duas etapas permitirão formular o projeto, que será apresentado aos órgãos técnicos do governo, ao setor privado e ao mercado.
Realidade da região
Para pautar a conversa com os agricultores rurais, Ângelo procurou conhecer a realidade do povo da região, estudou o local e conversou com Basilio Lopes Munhoz, presidente da Associação de Produtores Rurais do Córrego do Veado de Presidente Venceslau.
“Vou preparar um relatório sobre o que vimos e as possibilidades de instalar um novo arranjo socioprodutivo com a verticalização da produção, abastecer o mercado solidário local e a revitalização da Cooperativa Colagoa”, afirmou o engenheiro.
Já no encontro, ele ouviu Lino de Macedo, presidente da Colagoa, que falou sobre a trajetória da comunidade de 520 famílias de ribeirinhos. Macedo revelou que os pequenos produtores rurais foram assentados pela Cesp (Companhia Energética de São Paulo) e Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em l980, mas que nenhuma das instituições ou o Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo) prestam qualquer tipo de orientação técnica a esses produtores rurais na atualidade.
O presidente da cooperativa finalizou a intervenção relatando o enfrentamento entre posseiros daquele bairro e um grileiro de terras, em l965, que resultou na morte do fazendeiro Zé Dico e na prisão de cerca de 20 produtores rurais pelo Dops (Departamento de Ordem Política e Social), órgão de censura e repressão do regime militar.
Experiência
Em tom de conversa, mas com segurança, Antônio Ângelo relatou sua experiência profissional e vivência nos últimos 25 anos em assentamentos e reassentamentos de populações rurais em projetos públicos e privados (mineradoras, usinas) de reforma agrária no Brasil (nos estados do Mato Grosso, Goiás, Nordeste, Pará, São Paulo, Paraná), e no exterior, na Venezuela, Equador e Moçambique.
Para Antônio Ângelo “foi uma grata satisfação ter conhecido região do Pontal do Paranapanema e várias pessoas nas reuniões e palestras, como Lino de Macedo e Basílio (Lopes Munhoz), líderes locais importantes”. Ele também agradeceu a “Álvaro Egea, (diretor da CSB) e sua família pela receptividade e organização de nossa visita, que foi muito profícua (proveitosa).”
“A presença de Ângelo entre os produtores rurais vinculados à Colagoa e ao MAST, no Pontal do Paranapanema traz esperança a esses produtores rurais, esquecidos pelas políticas públicas voltadas à agricultura familiar”, avaliou Egea.
Fonte: Sindvestuario