Contra a precarização do trabalho dos movimentadores de mercadorias, MPT e entidades sindicais se reúnem com CEASA- RS

Segundo dirigentes da CSB, Ministério Público do Trabalho atestou que movimentadores atuam em situação análoga às do trabalho escravo 

Os mais de 800 movimentadores de mercadorias que trabalham nas Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa/RS) podem sonhar com uma vida mais digna e um trabalho mais humano. O Ministério Público do Trabalho e entidades sindicais, entre elas a Federação dos Trabalhadores da Movimentação de Mercadorias em Geral do Estado do Rio Grande do Sul (Fetrammergs), que conta com apoio da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), conseguiram na última quinta-feira (18) que os representantes dos atacadistas e produtores que operam nas CEASA-RS fossem convocados para uma reunião no próximo dia 8 de novembro.

Segundo o presidente da FETRAMMERGS, Antonio Roma, a convocação representa uma grande vitória para os trabalhadores, que hoje atuam em condições indignas.

“É uma grande vitória da classe trabalhadora, que passará a ter seus direitos reconhecidos conforme a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) contra uma classe patronal que nunca reconheceu os direitos deles. Essa reunião será a realização de algo que os sindicatos propõem há muitos anos, que é fazer um Acordo Coletivo de trabalho que estabeleça valores, preços e cláusulas econômicas com direitos sociais. O principal ganho será a dignidade deles, que até então não existe. Terão que receber 13º, férias, 1/3 de férias e o FGTS”, disse o dirigente. Segundo ele, a pratica das CEASA-RS em não garantir e cumprir a legislação trabalhista acontece desde o início das atividades, há mais de 40 anos.

De acordo com Adriano Porto, secretário-geral da Seccional Rio Grande do Sul da CSB, que também esteve presente na última audiência, o próximo encontro será para responsabilizar as CEASA-RSpela situação dos trabalhadores desamparados.

“Na audiência do dia 8, vão mostrar que a CEASA é responsável sim por todos os que trabalham lá. Mesmo que existam associações de produtores, atacadistas, a CEASA é a responsável e ela tem de deixar o sindicato representar a categoria lá dentro. O MPT atestou que os trabalhadores atuam num turno de horário totalmente fora do que foi determinado pela legislação, é um trabalho escravo”, disse Porto, que também confirmou que o MPT já decidiu levar o processo à Justiça do Trabalho.

Ainda segundo Porto, os movimentadores, que deveriam ser amparados pela Lei 12.023/2009, que regulamentou a profissão, praticamente pagam para trabalhar, seja na aquisição do carrinho ou até mesmo para entrar nas CEASA-RS

De acordo com Antonio Roma, além da baixa remuneração e a falta de equipamentos de segurança, os trabalhadores carregam mais peso do que se é permito, alguns morreram no exercício da função, quando deveriam estar aposentados, e muito têm esposas e filhos indo para o mesmo caminho.

Além disso, o dirigente afirma que, com medo de serem impedidos de trabalhar, os movimentadores se afastam das entidades sindicais. Entretanto, elas continuam dando aos trabalhadores o respaldo necessário para orientá-los sobre os direitos que lhes são garantidos pela lei.

O MPT já havia enviado em 2017 um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para as CEASA-RS, mas a entidade, à época, não assinou o documento.

Compartilhe:

Leia mais
4 encontro sindical fespume-es
Federação dos Servidores Municipais do ES (Fespume-ES) realiza 4º Encontro Sindical
aumento emprego entre mulheres
Número de mulheres com carteira assinada aumenta 45% em um ano
nota centrais sindicais contra plano golpista
Nota das centrais sindicais: "União contra o golpismo e pela democracia"
Antonio Neto Sindis
Antonio Neto: Sindicatos devem aproveitar tecnologias e se adaptar para sobreviver
empresa obriga mãe voltar ao trabalho recém-nascido
Empresa é condenada por obrigar mãe a voltar ao trabalho uma semana após dar à luz
semana 4 dias de trabalho aumento produtividade
Empresa aumenta em 20% a produtividade ao adotar semana de 4 dias; Brasil testou modelo
Antonio Neto 3 congresso cspm
3º Congresso da CSPM: Antonio Neto fala sobre necessidade de adaptação dos sindicatos
escala 6x1 prejudica saúde mental
Escala 6x1 prejudica saúde mental e produtividade dos trabalhadores, diz especialista
ministra esther dweck defende estabilidade do servidor público
Estabilidade do servidor é pilar de defesa do Estado, diz Esther Dweck em resposta à Folha
CSB no G20 Social
CSB defende fim da escala 6x1 e proteção aos direitos dos trabalhadores no G20 Social