Um imposto anual de até 5% sobre a riqueza do 1% mais rico poderia arrecadar US$ 1,7 trilhão por ano (R$ 8,68 trilhões), o suficiente para tirar 2 bilhões de pessoas da pobreza e financiar um plano global para acabar com a fome, diz a Oxfam, organização sem fins lucrativos com sede em 21 países que trabalha contra a pobreza e a desigualdade.
A recomendação foi apresentada no relatório “A ‘sobrevivência’ do mais rico – por que é preciso tributar os super-ricos para combater as desigualdades”, lançado nesta semana no Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça.
A organização avalia que em um cenário de múltiplas crises, como a da fome, das condições de vida, do clima e da Covid-19, os únicos ganhadores são os mais ricos: “Os muito ricos ficaram imensamente mais ricos, e os lucros das grandes empresas bateram recordes, gerando uma explosão de desigualdade”, diz o relatório.
O material apresenta um levantamento de dados que mostram essa realidade. Segundo o estudo, o 1% mais rico juntou quase dois terços de toda a nova riqueza existente, seis vezes mais do que os 7 bilhões de pessoas que compõem os 90% mais pobres da humanidade. O levantamento mostrou também que:
- As fortunas bilionárias estão aumentando em 2,7 bilhões de dólares por dia, mesmo com a inflação superando os salários de, pelo menos, 1,7 bilhão de trabalhadores – mais do que a população da Índia.
- As empresas de alimentos e energia mais do que dobraram seus lucros em 2022, pagando 257 bilhões de dólares a acionistas ricos, enquanto mais de 800 milhões de pessoas passam fome.
- Apenas 4 centavos de cada dólar de receita tributária vêm de impostos sobre o patrimônio, e metade dos bilionários do mundo vivem em países sem imposto sobre herança.
A Oxfam afirma que a desigualdade é um fenômeno complexo e que para efetivamente conseguir combatê-la seria necessário um amplo leque de mudanças. O objetivo do relatório, diz a ONG, é destacar como aumentar a tributação dos mais ricos pode reduzir a desigualdade e ‘impulsionar o investimento para um futuro mais justo e sustentável’.
Confira as recomendações apresentadas no relatório:
- Criar impostos solidários de incidência única sobre o patrimônio e impostos sobre lucros inesperados para impedir que se lucre com a crise
- Aumentar permanentemente os impostos do 1% mais rico para um mínimo de 60% de sua renda oriunda de trabalho e capital, com alíquotas mais altas para milionários e bilionários
- Tributar o patrimônio do 1% mais rico segundo alíquotas altas o suficiente para reduzir a desigualdade
- Dar poder às administrações públicas e tributárias para rastrear a riqueza das pessoas e empresas mais ricas
- Romper a apropriação da política pela elite e garantir participação igualitária na formulação de políticas fiscais
Fonte: Estadão
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