Hoje é o verdadeiro aniversário do golpe: a ditadura militar foi implantada na prática no dia 1º de abril, não em 31 de março
Hoje, 1º de abril, é o Dia do Bolsonaro, o Presidente da Mentira.
Um presidente que prometeu proteger o seu povo, mas que já deixou mais de 315 mil brasileiros morrerem na pandemia, grande parte por causa de sua incompetência, ignorância e maldade. Porque mentiu que o isolamento social e as máscaras não funcionam, que existe um tratamento precoce e que as vacinas têm efeitos colaterais perigosos – e que não comprou vacinas suficientes que poderiam ter evitado o atual colapso na saúde e milhares de mortes.
Um capitão que foi eleito para melhorar a segurança pública, mas que assinou inúmeros decretos que dificultam o rastreamento de armas e munições e só favorecem o crime organizado e as milícias, com quem ele e sua família têm relações notórias. E que permite que apoiadores e o seu próprio filho incentivem motins policiais que colocam em risco a ordem pública e a vida da população.
Um homem chamado Messias que fala em nome de Deus, mas que destila ódio e preconceito contra os diferentes, exalta um torturador facínora e não tem respeito pela dor do próximo, contrariando todos os ensinamentos de Jesus. Não nos esqueçamos, está lá na Bíblia: “Cuidado, que ninguém os engane. Pois muitos virão em meu nome, (…) e enganarão a muitos” (Mateus 24:4-5).
Um suposto cidadão honesto, que jurou acabar com a corrupção no país, mas que se recusa a explicar depósitos de R$ 89 mil na conta da sua mulher, uma mansão de R$ 6 milhões comprada pelo seu primogênito e as “rachadinhas” da família toda, que em bom português se chamam peculato, desvio de dinheiro público de muitos milhões de reais.
Um político que disse que não entendia de economia, mas que garantiu que o seu “superministro” Paulo Guedes iria nos levar ao crescimento e ao desenvolvimento. Mas que, desde antes da pandemia, não conseguiu proteger as empresas e os trabalhadores, produziu um recorde de 14 milhões de desempregados e está deixando um rastro de destruição que vai levar tempo para ser apagado.
Um falso nacionalista e patriota, que diz que o Brasil está acima de tudo, mas que enxovalhou a nossa diplomacia, antes respeitada em todo o mundo, com seu ex-chanceler minúsculo de triste lembrança. E que deixa o verde da nossa bandeira queimar, o azul do nosso céu ser encoberto por fumaça e poluição e o nosso solo rico e fértil ser contaminado por rejeitos de garimpos ilegais e agrotóxicos cancerígenos proibidos no mundo. E que se recusa a proteger os índios, os primeiros brasileiros.
Um “homem de bem” que entrou na Justiça, em plena pandemia, para ter o direito de comemorar o golpe de 1964, que deixou milhares de mortos, desaparecidos e torturados pelo terrorismo de Estado – um crime contra a humanidade que nunca foi julgado e que se perpetua como ferida aberta em carne viva nos seus sobreviventes, nos descendentes dos que se foram e em todos que têm empatia e respeito pelo sofrimento humano, os verdadeiros cidadãos de bem. Bolsonaro mente que o regime militar não foi uma ditadura, que por sua vez também começou com uma mentira. O novo regime de exceção foi implantado na prática não no 31 de março, mas sim em 1º de abril, Dia da Mentira – data que traduz perfeitamente o que representou essa noite de 21 anos para o país e na qual deve ser de fato lembrada para que nunca mais se repita.
A mitomania é a tendência compulsiva e doentia para mentir. Jair Messias Bolsonaro não é mito, mas sim um mitômano, um mitomaníaco. O falso santo é de barro, do barro mais podre de que é feita a escória da humanidade. O seu lugar no esgoto da História está guardado.
Por Antonio Neto, presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros)