CSB no lançamento da aliança Lula-Biden pelos direitos dos trabalhadores – Na quarta-feira (20), o presidente Lula (PT) lançará ao lado de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos (EUA), um documento nomeado “Coalizão Global pelo Trabalho”, no qual defenderão liberdade sindical e garantias aos trabalhadores por aplicativo, entre outras pautas sobre direitos trabalhistas, em Nova York.
O presidente da CSB, Antonio Neto, acompanha Lula na viagem juntamente com os presidentes das demais centrais sindicais, que participarão do lançamento deste compromisso inédito entre os dois países pelos direitos dos trabalhadores.
“É uma honra participar dessa construção histórica para os trabalhadores brasileiros e americanos. A Iniciativa Global Lula-Biden para o Avanço dos Direitos Trabalhistas na Economia do Século XXI é um passo importante para a garantia de direitos e proteção social aos trabalhadores do mundo. É urgente reverter a ideia absurda que um sistema marcado pela precarização, com demissões em massa para achatar salários, e com o trabalho como commodity”, disse Neto.
Biden e Lula irão se juntar “para destacar o papel central e crítico que os trabalhadores desempenham na construção de um país sustentável e democrático, um mundo equitativo e pacífico”, explicou Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional dos EUA.
“É a primeira vez que trato com um presidente interessado nos trabalhadores”, disse Lula após uma conversa telefônica com Biden, em meados de agosto.
O assunto é tratado como a grande prioridade do presidente em sua agenda de cinco dias em Nova York, que não confirmou nenhum outro encontro no país além do marcado com Biden na quarta, apesar de o Itamaraty ter recebido mais de 50 pedidos conversas bilaterais.
A ideia valoriza o histórico político singular de Lula, como líder sindical no ABC paulista, e reforça a ideia de que EUA e Brasil compartilham valores e princípios fundamentais.
“Lula é uma das maiores lideranças sindicais do mundo e Biden é o autoproclamado o presidente mais pró-trabalhador na história dos EUA, há uma conjuntura especial que está propiciando esta iniciativa. É claro que há essa confluência de personalidades dos dois presidentes, que é o que permite que isso ocorra agora”, disse à BBC News Brasil Stanley Gacek, conselheiro do Sindicato Internacional dos Trabalhadores Comerciais e Alimentares (UFCW, na sigla em inglês), que representa 1,3 milhão de trabalhadores nos EUA e no Canadá.
O sindicalismo vive um ressurgimento nos EUA, e o patamar de aprovação da população aos movimentos sindicais está acima de 70%, nível alcançado pela última vez em 1965. Curiosamente, o presidente americano relançou sua candidatura na sede da AFL-CIO, a maior central sindical do país e uma histórica entusiasta e defensora de Lula.
Relacionada: Centrais sindicais assinam nota de apoio à greve dos trabalhadores das montadoras nos EUA
“Se querem consolidar a base e ter sucesso eleitoral, Lula e Biden têm pela frente a missão de mostrar que seus governos podem entregar mais aos trabalhadores em um momento em que o populismo de direita apresenta uma retórica que têm apelo com os trabalhadores”, afirma Alexander Main, diretor de Política Internacional no Centro de Pesquisa Econômica e Política em Washington.
Documento histórico
Fontes envolvidas na negociação disseram à BBC News Brasil que a premissa do documento é a definição de “trabalho decente”, da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O órgão internacional define que “decente” é o trabalho produtivo e de qualidade e que garanta a liberdade sindical, o direito de negociação coletiva, promova a proteção social e elimine o trabalho forçado, infantil e todas as formas de discriminação.
O lançamento da coalizão deve colocar na mesma foto pela primeira vez na história de Brasil e EUA os dois presidentes com líderes sindicais americanos – como a AFL-CIO e a UFCW – e brasileiros – como a CSB e a CUT.
Também estarão presentes o ministro do Trabalho do Brasil, Luiz Marinho, além de representantes do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.
Brasil e EUA têm leis trabalhistas muito distintas e, historicamente, o Brasil oferece muito mais garantias aos trabalhadores formais do que os EUA.
No entanto, houve uma explosão de trabalho informal no Brasil nos últimos anos após a reforma trabalhista de 2017, com os trabalhadores brasileiros ainda mais desprotegidos do que a média dos americanos.
A ideia é criar consensos e uma coalizão mundial em defesa dos direitos dos trabalhadores.
“Nós vamos construir isso. Para o Brasil é importante primeiro pelo reconhecimento do presidente Lula como uma liderança global”, disse em Nova York o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que negociou o texto.
(Com informações de BBC Brasil)
Fotos: Ricardo Stuckert/PR