A Câmara Federal aprovou, nesta terça (6), um Projeto de Lei que institucionaliza em território nacional a compra de vacinas contra a Covid pela iniciativa privada, uma espécie de lei Titanic, o famoso transatlântico onde a falta de botes priorizou o salvamento de vidas dos ricos e a morte dos pobres. A medida é mais um reflexo da incapacidade, da inoperância e da ação consciente e genocida do governo Bolsonaro, que tomou todas as medidas possíveis para fazer proliferar o vírus e impedir o seu controle, além de sabotar a compra de vacinas pelo governo federal, espalhando o salve-se quem puder no Brasil.
Nosso país, que já se orgulhou de estampar o slogan “Brasil, um país de todos”, hoje sucumbe a um projeto perverso de nação. Viramos um pária no mundo, uma nação que deixou de exportar vacinas e exemplos e passou a exportar cepas e recordes negativos na pandemia.
O Brasil que inspira pelo robusto sistema de saúde pública se vê aterrorizado pelo colapso no atendimento médico graças às políticas genocidas de um governo autoritário e negacionista. O SUS salvou milhões de brasileiros, mas o limite do sistema é um ano de negacionismo sádico do Palácio do Planalto. Foi o serviço público que garantiu as vacinas que temos em solo nacional e é com a gestão do SUS que podemos garantir que as vacinas atendam estratégias necessárias para proteger a vida.
O episódio da vacinação clandestina em Belo Horizonte é um exemplo explícito do que hoje a Câmara homologou. Um grupelho de ricos se vacinando em garagens. Algum trabalhador que enfrenta diariamente a lotação do transporte foi lembrado? Não! Quem recebeu a vacina padrão Bolsonaro foi a turma do andar de cima que pode ter o privilégio do home office e da proteção do lar.
Hoje, o Brasil de Oswaldo Cruz coloca em risco a humanidade pela incapacidade de controlar a disseminação de um vírus mortal que já matou mais de 330 mil brasileiros. Estamos levando mortes aos países vizinhos, que já nos olham como aquele vizinho que pela falta de limpeza traz pragas e insetos para os moradores do bairro.
A pergunta é: cadê o governo? Que país é esse que estamos virando? Seremos a Pátria da Barbárie? Do vale-tudo? Queremos o Brasil prometido na Constituição de 1988. Não queremos ser a Pátria da Morte!
Por Antonio Neto, presidente do Diretório Municipal do PDT de São Paulo e da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros)
Fonte: Portal Disparada