Não é preciso ser especialista para perceber que o número de crianças e adolescentes trabalhando no Brasil vem crescendo nos últimos anos.
“Quando aumentam a pobreza, a desigualdade e a falta de oportunidades, o trabalho infantil se impõe às crianças das famílias mais pobres”, explica Mário Volpi, chefe da área de Cidadania dos Adolescentes do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e um dos maiores especialistas sobre o tema no país.
Em entrevista, Volpi critica a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) ressuscitada pela Câmara dos Deputados que, na prática, reduz a idade mínima para começar a trabalhar e torna inócua a atual Lei da Aprendizagem. “Temos mais de 13 milhões de desempregados. Qual é o trabalho que está ‘disponível’ a adolescentes para ter essa obsessão de flexibilizar a lei?”, questiona.
Volpi rebate ainda o discurso – defendido, dentre outros, pelo presidente Jair Bolsonaro – de que trabalhar desde cedo pode contribuir para a “formação do caráter” de crianças. “É um movimento que não é só conservador. É um movimento retrógrado – vamos voltar para a época da revolução industrial”, afirma.
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