Opinião: Servidores e suas dores coletivas

O dia em comemoração de qualquer coisa serve para lembrar da importância dessa coisa, pessoa ou evento histórico. O dia 28 de outubro comemora-se o dia do servidor público. Esse coletivo de pessoas cujo trabalho é servir o povo em suas demandas mais primárias

Nunca o simbolismo dessa data foi tão necessário para fazer uma reflexão sobre o estado brasileiro, na sua mais ampla abrangência. Sem senso comum, sem discurso raso ou narrativas odiosas e mentirosas contra essa classe.
Alguns mitos precisam ser desfeitos.
Não há mais servidores no Brasil que nos países de Primeiro mundo, existem estudos da OCDE que comprovam esse fato. Servidores no Brasil a grande maioria não são marajás. No poder executivo de Mato Grosso, mais de 87% dos servidores recebem até R$ 5 (cindo) mil reais de salário apenas. Servidor do executivo não tem telefone pago pelo estado, nem carro com motorista, muito menos plano de saúde para si e seus parentes, isso é coisa de Deputados e Senadores.
Não se pode comparar a média remuneratória do servidor com a iniciativa privada sem comparar o nível de escolaridade e a complexidade das funções de ambos. A aposentadoria do servidor de nível superior que pagou 14% sobre o total da sua remuneração a vida toda, seja qual for ela, não pode ser comparada com a de um trabalhador privado de nível médio cujo teto para desconto de previdência é no máximo R$ 6 mil reais.
São essas e outras narrativas usadas sistematicamente por algumas autoridades que nos dói tanto quanto perder direitos. São abalos psicológicos que ferem a alma do servidor, que passou a ter vergonha de dizer sua profissão: servir a população!
E é usando essas meias verdades que os atuais governos estadual e federal aproveitam do ranço que geram na população contra o serviço público, para atacar seus direitos mais fundamentais, como não ver seu salário reduzido à metade do poder de compra de outrora.
É assim, subjugando a todos ao se aproveitarem das dores e medos em meio a uma pandemia mortal, que acabaram com a aposentadoria dos servidores, praticando um confisco nunca antes imaginado nessa proporção. Tributaram idosos com doenças graves e até no leito de morte. Vão extinguindo cargos por decreto e tirando o direito de mães e pais com filhos especiais de terem uma carga horária especial para poder cuidar com dignidade de seus filhos.
E é assim que os governos deixam a inflação que eles próprios tinham o dever de controlar mas não o fazem, corroer os salários de milhares de pais e mães de família e, desrespeitando a constituição federal, vão negando o direito de recomposição do servidor do executivo que já soma mais de 30% de perdas, enquanto concede aumento real para amigos do rei que agem como traidores do serviço público, deixando que uns lutem pelas dores coletivas dos servidores, enquanto outros rastejam nas sombras negociando seus privilégios, como VI’s ilegais e inconstitucionais, sem prestar qualquer conta desses valores, diante do olhar displicente do MP estadual.
Esse jogo de conveniência e covardia por parte de alguns dirigentes sindicais, é que está levando o serviço público a se aproximar cada vez mais do seu fim. Lutar pelas dores coletivas como os 30% de perdas inflacionárias, é mais importante do que qualquer migalha que cai da mesa dos poderosos nesse momento!
Por isso, nesse dia 28 de Outubro, é hora de retomar nosso orgulho de servir, de ser servidor. Perder novamente o medo e a vergonha de lutar pelo que é direito seu. Pois quando não lutamos o estado vai sendo cooptado por forças do capital que só visam lucros e privilégios e atender seus grupos financiadores.
Não tenha vergonha de dizer: sou servidor!. Pois quem deveria se envergonhar é quem ataca de forma tão vil e rasteira milhares, milhões de pais e mães de família que ganham seu salário honestamente servindo a população!
Lute agora, para não se arrepender depois.
 *Antônio Wagner Oliveira, Servidor público estadual, advogado, presidente em Exercício da Central dos Sindicatos Brasileiros em MT/CSBMT, secretário-geral do SINPAIG MT, membro do Fórum Sindical dos Servidores Públicos do Estado e diretor de Relações Institucionais e de Comunicação do Observatório Social de MT/OSMT

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