Mais de 200 mil pessoas dizem não à reforma da Previdência no Vale do Anhangabaú

CSB e centrais reuniram trabalhadores, dirigentes, políticos e instituições que lutam pelo direito à aposentadoria numa grande celebração no centro de São Paulo; greve nacional acontecerá em 14 de junho

 

“É de batalhas que se vive a vida!”

Com esse tom, 200 mil de trabalhadores lotam o Vale do Anhangabaú, no centro da capital paulista, neste Dia do Trabalhador para dizer não à reforma da Previdência. No 1º de Maio Unificado das centrais sindicais, dirigentes, autoridades, políticos e o povo de São Paulo se unem contra a PEC 06 de Bolsonaro e Paulo Guedes. A CSB marca presença em peso no evento com centenas de militantes e dirigentes, que engrossam o coro na defesa da aposentadoria dos brasileiros.

No ato político capitaneado pelos presidentes das centrais, as entidades confirmaram a realização de uma greve geral para 14 de junho em todo País. A data marcará a força dos brasileiros contra a reforma. Segundo as centrais, a mobilização chegará a um grande número de categorias, que vão parar o Brasil em defesa da previdência pública.

O presidente Antonio Neto, autor da frase do início desta matéria – em referência a uma canção de Raul Seixas –, saudou a população que prestigia o evento. Para o dirigente, o marco da PEC 06 é a injustiça. “Se para o Exército, para a Marinha, a Aeronáutica essa reforma não serve, também não serve para a classe operária. Nós não queremos essa reforma”, disse o dirigente.

Neto fez duras críticas à desigualdade que a proposta do Executiva propõe, entre outros, aos benefícios para os dependentes. “Lá [nas Forças Armadas] quando ele [militar] falece, a filha dele recebe aposentadoria integral vitalícia. Aqui, a filha do pedreiro, do metalúrgico recebe 10%”, argumentou o presidente da CSB em referência ao que propõe a reforma. Pela PEC, as viúvas recebem pensão de 60% da média salarial mais 10% por dependente adicional até os 18 anos.

Para o próximo dia 15 de maio, já está marcada uma mobilização nacional contra a reforma da Previdência. A iniciativa acontecerá no mesmo dia da greve geral dos professores em todo o País em defesa da aposentadoria; esta ação é um “esquenta” para a greve geral de junho.

“É por isso que precisamos nos unir para acabar com esse governo que não nos representa. A unidade da luta das centrais, dos movimentos sociais, dos partidos políticos é fundamental para a grande paralisação contra esse governo”, reiterou Neto, convocando a população.

 

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Em defesa da Previdência

O caráter nocivo da proposta do governo é unanimidade entre estudiosos e representantes dos trabalhadores. Pontos como a capitalização – que quer entregar o dinheiro dos trabalhadores para os bancos, o BPC – cujo acesso o governo quer dificultar ao elevar para 70 anos a idade para que um idoso tenha direito a um salário mínimo – e a idade mínima de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, mais 40 anos de contribuição para recebimento integral do benefício, estão entre os principais prejuízos aos trabalhadores, às mulheres, idosos, rurais e todos aqueles que mais necessitam do Estado para uma velhice digna.

Parlamentares da oposição na Câmara dos Deputados também estiveram no evento para reiterar seu apoio às centrais na luta pela aposentadoria. A reforma da Previdência tramita na Casa, na Comissão Especial criada para analisar o mérito da proposta.

Além do ato político, o 1º de maio no centro de São Paulo conta com barracas para colher assinaturas da população contra a reforma. Show dos artistas do momento, como Ludmilla, Roberta Miranda, Maria Cecília e Rodolfo, Felipe Araújo, Maiara & Maraísa, Simone & Simaria, Paula Fernandes, além de Leci Brandão e seus sambas tradicionais são garantia de diversão neste dia tão importante para os trabalhadores do País.

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1º de maio pelo Brasil

Assim como aconteceu na capital paulista, a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) se uniu, durante toda esta quarta-feira às outras centrais, partidos de oposição e movimentos sociais em outras capitais e cidades do interior dos estados brasileiros para comemorar o dia do trabalho, lutar contra a reforma da Previdência de Jair Bolsonaro e começar as organizações de uma greve geral no dia 14 de junho.

Rio Grande do Sul

A participação da CSB ficou concentrada em três municípios do estado. O principal, na capital gaúcha, reuniu as centrais na Rótula das Cuias. O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Esteio e Sapucaia do Sul faz sorteio de prêmios para homenagear aqueles que lutam pelo Brasil.

Na cidade de Cachoeira do Sul, os dirigentes da Seccional estiveram presentes na feira livre do município.

Ceará

Fortaleza foi a cidade escolhida para o maior ato no estado cearense. Os dirigentes sindicais estão em frente ao Espigão da Rui Barbosa para dizer não à reforma. O presidente da Seccional, Francisco Moura, encabeça o ato. “Estamos aqui para dizer não à reforma da Previdência, que é uma farsa deste governo, dizendo que está cortando privilégios quando na realidade ele está tirando direitos dos trabalhadores, massacrando o povo e tirando do povo o direito à aposentadoria para entregar nossa Previdência privada aos bancos”, criticou o dirigente.

Durante a manhã, o principal ato aconteceu no Mercado de São Brás, na capital paraense. O presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Pará (SIMVEPA) e representante da CSB no estado, João Alberto Modesto Rodrigues, defendeu a resistência contra a reforma.

“Neste dia de luta, a CSB, assim com o fórum das centrais e movimento sociais e estudantes, estão reunidos em um dia de resistência e luta contra as violações dos direitos sociais e trabalhistas deste desgoverno de Jair Bolsonaro. Estamos todos de mãos dadas para dizer que seremos a resistência contra a reforma da Previdência Social, que viola direitos da aposentadoria. Estamos nos preparando para a greve geral”, falou.

Distrito Federal

Na capital federal, o local escolhido para o ato em homenagem ao dia do trabalho foi a Praça do Relógio, em Taguatinga. Na ocasião, quem representou a Central foi a diretora do Sindicato dos Biomédicos do Distrito Federal, Nayana Cambraia Viana Oliveira.

“Essa lei propõe que a gente perca os nossos direitos. A mulher que já trabalha nesta terra há muito tempo e que vem lutando para sua independência e para o seu empoderamento, ela está sendo amplamente sofrida com esta PEC.  Nós não temos creche, não temos lei que nos ampare e os nossos filhos estão sendo mortos. E essa mulher que perde seu filho não tem direito à Previdência. Essa mulher precisa ser amparada, e nós vamos lutar com muita força contra esse regime de capitalização dos bancos, contra esta mentira que estão colocando para nós. O nosso espaço precisa ser respeitado, e nós vamos lutar até o fim”, falou Nayana.

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