Central dos Sindicatos Brasileiros

CSB critica Medida Provisória que usa recursos do FAT no Programa de Proteção ao Emprego

CSB critica Medida Provisória que usa recursos do FAT no Programa de Proteção ao Emprego

Em nota, Central dos Sindicatos Brasileiros se manifestou contrária à MP 680/2015, que prevê a utilização do Fundo de Amparo ao Trabalhador para subsidiar o setor automobilístico

Após o governo federal assinar ontem (7), a Medida Provisória 680/2015, que institui o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) emitiu uma nota manifestando-se contra o uso dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para o financiamento do PPE.

Segundo a Central, é importante a criação de uma política de ampliação do emprego, entretanto a iniciativa não pode retirar dinheiro do FAT para “subsidiar os lucros do setor automobilístico”.

Na nota, a Entidade afirma que a proteção ao emprego não se faz com corte de salários e que a proposta atende, apenas, a setores que querem derrubar o governo e tomar para si as riquezas do Brasil. A CSB termina a carta convocando os trabalhadores e o Congresso Nacional para se mobilizarem contra a Medida Provisória.

Confira abaixo a íntegra do documento:

Nota da CSB sobre a Medida Provisória 680, que institui o Programa de Proteção ao Emprego (PPE)

A Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) é defensora de uma Política de Proteção e Ampliação do Emprego, e não de um programa que utiliza recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para subsidiar os lucros do setor automobilístico (PPE).

Não há outra forma de proteger o emprego senão através do desenvolvimento e do crescimento da economia brasileira, da distribuição de renda e da ampliação da mesma, permitindo o fortalecimento do mercado interno e do consumo.

Esta proposta, gestada pelas montadoras multinacionais, que remeteram mais de US$ 16 bilhões de lucros e dividendos para o exterior nos últimos cinco anos, é mais um ingrediente na receita aplicada pela equipe econômica, que, com seu ajuste fiscal, vem levando a economia do País ao abismo, causando a infelicidade, a desesperança, a falta de perspectiva e espalhando o caos para milhões de famílias brasileiras.

Não se protege emprego cortando salários. Pelo contrário, até o mais inocente cidadão sabe que a diminuição do poder de compra do trabalhador gera mais desemprego.  Não é “inteligente” aplicar este programa, muito menos defendê-lo.

Não é inteligente aplicar e executar a política do inimigo. Ceder aos interesses dos setores que querem derrubar o governo e trair as promessas feitas para os trabalhadores brasileiros que acreditaram, defenderam e lutaram por um projeto de inclusão social, da defesa e ampliação dos direitos trabalhistas e sociais é estupidez.

Eles não querem apenas os bilhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador; os bilhões destinados para o pagamento de juros e encargos da dívida; a desnacionalização do setor de infraestrutura; a diminuição dos recursos para a educação; da moradia; o petróleo do Pré-Sal; os bancos públicos; o fim da política de nacionalização e a diminuição dos direitos para ampliar os lucros. Querem o governo. E ceder tudo isso apenas irá facilitar a tomada do poder.

Atendo-se apenas ao varejo, é possível observar um contrassenso gigantesco nas medidas defendidas pela equipe econômica e encaminhadas cegamente pelo governo.

Por um lado, aumenta os juros, ampliando a despesa com a dívida; onera o setor produtivo, gera desemprego e inviabiliza a produção; corta a política de investimentos públicos, amplia o custo da folha de pagamento, que havia promovido a formalização de milhões de empregos.

Por outro, propõe o corte de direitos sociais, a restrição de acesso ao seguro-desemprego, do acesso ao seguro-defeso, às pensões por morte, provocando ainda mais a diminuição do poder de compra do trabalhador e jogando combustível no ciclo vicioso que foi imposto à economia.

Por que tirar com uma mão a pensão da viúva, o benefício do desempregado, o seguro do pescador, o salário do trabalhador para fazer um suposto “ajuste fiscal”, e com a outra entregar este dinheiro para equalizar a produção das empresas, financiar a diminuição dos salários e manter as margens e remessas de lucros?

Definitivamente isso não é inteligente, muito menos defensável!

Por isso, a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) conclama os trabalhadores a lutar contra mais este retrocesso e o Congresso Nacional a rejeitar esta proposta, impedindo que os recursos do FAT sejam usados para promover mais desemprego e a manutenção das remessas de lucros em patamares aviltantes.

São Paulo, 08 de julho de 2016.

Central dos Sindicatos Brasileiros