Durante a abertura do Seminário Nacional de Formação Política da CSB, Márcio França também apontou a importância das instituições públicas para o crescimento
Na manhã desta segunda-feira, 6, o presidente Antonio Neto e o vice-governador de São Paulo, Márcio França, deram início ao Seminário Nacional de Formação Política da CSB, cuja meta é formar os quadros da Central sobre o cenário político e econômico pelo qual passa o Brasil, além de fortalecer o movimento sindical na defesa da classe trabalhadora.
Durante seu discurso de abertura, Neto destacou a importância de instrumentalizar a diretoria para que as intervenções políticas sejam conscientes e alinhadas com as necessidades do povo. “A CSB vem, neste momento, fazer uma boa discussão para ouvir companheiros e companheiras para que tenhamos uma radiografia deste momento que o País vive, sobretudo, para que tenhamos capacidade de intervenção. Teremos um dia de muita informação, e informação qualificada. Hoje, para nós, será uma ocasião honrosa”, disse o presidente.
Como primeiro convidado, Márcio França parabenizou a Central pela aferição no início deste ano, quando o Ministério do Trabalho e Emprego reconheceu a legitimidade da CSB. Para o vice-governador, a conquista tem extrema importância para a reconfiguração do movimento sindical. “Primeiro, quero dizer uma breve palavra de saudação pela conquista de vocês. Furar bloqueios dentro da estrutura sindical é sempre muito difícil, e eu sei que vocês tiveram que construir tudo isso a partir de muita intervenção. É muito importante dar uma nova cara à mobilização sindical, porque a gente fica em busca de alternativas que não sejam vinculadas numa única visão, uma única posição partidária. Quanto mais o movimento for plural, preferível, pois permite que tenhamos uma visão crítica que vocês estão começando a desenvolver”, afirmou.
França também apresentou suas percepções sobre a crise politica, econômica e de confiança que a Nação enfrenta. Em sua crítica, ele menciona que, embora o País tenha evoluído no que diz respeito aos eixos sociais, ainda é preciso apropriar-se da vida política. “Todos os problemas que vocês estão vendo hoje, tudo isto se altera só com política, e pequenas ações do governo podem ser decisivas”, acentuou.
Ele ainda considerou a diminuição dos juros como via para garantir o crescimento. Segundo ele, para reduzir juros é necessário mudar o formato do Banco Central, que continua controlado por um grupo fechado que possui única visão. “Precisamos colocar os grupos sociais e as centrais sindicais dentro do BC para opinar. O modelo de gestão do Banco Central continua o mesmo de anos atrás, este modelo é demasiadamente estreito e essa visão é prejudicial ao Brasil”. Em crítica ao modelo orçamentário da União, França afirma não ser lógico que quase 72% de toda a contribuição fique a cargo do governo federal, sendo que a parcela restante ainda será dividida entre estados e municípios. “Sabe por que acontece isto? Porque 52% deste orçamento ela [União] gasta pagando juros, isto é, sobram apenas 20%. Desde que tirou imposto e foi colocando contribuição, cada vez mais você vê municípios ficando pobres. Custa mais caro liberar o dinheiro do que o próprio dinheiro. Esse modelo que estamos vivendo é errado. Temos que dividir essas contas e dividir as competências”.
Embora otimista acerca da possibilidade de transformação do panorama nacional, o político alertou: “Do ponto de vista financeiro, nós vamos atravessar momentos duros em que as coisas não vão andar, haverá mais desemprego, e por isto a importância de você estarem organizados para que possam mudar o roteiro do que hoje existe, dessa desconfiança que existe em relação ao Brasil”, ressaltou.
Para o vice-governador, é preciso manter as boas expectativas, visto que o País tem evoluído de forma significativa nos últimos anos. “Mesmo com essas dificuldades, precisamos pensar que estamos caminhando. Em cinquenta anos saímos de uma ditadura militar, em que não havia possibilidade de discussão, de organização sindical, as pessoas puderam ter direito ao voto direto. Esta fase importante foi quando implantamos a democracia”, disse.
França apontou que o Brasil agora precisa superar uma quarta fase, em que as atenções devem estar voltadas ao aprimoramento dos serviços públicos, sobretudo aqueles que, segundo ele, foram o tripé de desafios do governo: saúde, educação e segurança. “Todo mundo quer fugir dos serviços públicos, da escola pública, do hospital público”, apontou. Para a missão, disse que: “mais importante que os partidos, são as centrais sindicais”.
Sob a perspectiva de que a transformação se dá apenas com muita organização, foi categórico ao destacar a relevante resistência erguida pela CSB. “Vocês deram passos importantes aqui. Eu soube que fizeram um crescimento de 50% em cinco anos”, finalizou.
Ampliação do diálogo
Há poucas semanas antes do Seminário, a diretoria executiva da CSB esteve reunida com Márcio França, no palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, para ampliar o diálogo com o governo paulista. Na ocasião, a Central apresentou suas propostas em defesa dos trabalhadores. O encontro foi o primeiro após o reconhecimento formal da Entidade pelo MTE.
Durante a reunião, a diretoria ainda pediu a participação da CSB nos conselhos de relações de trabalho, igualdade de gênero e étnica, de modo a indicar seus representantes para os principais debates que mobilizam a nação.
Na ocasião, o vice-governador mostrou-se sensível à inserção dos atores sociais e políticos nas discussões do estado, para que estejam em constante diálogo e possam, juntos, encontrar alternativas ao desenvolvimento com justiça social.
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Assista à integra da palestra de Márcio França no vídeo abaixo: