Flávio Werneck, vice-presidente da CSB, defendeu mudanças na organização policial brasileira
A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado realizou na manhã desta segunda-feira, 22, uma audiência pública interativa para debater as condições de trabalho dos policiais no Brasil. No encontro – que teve como foco o aprimoramento do marco normativo para a produção de equipamentos utilizados pelas instituições policiais no Brasil -, a Central dos Sindicatos Brasileiros foi representada pelo seu vice-presidente e presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal (SINDIPOL-DF), Flávio Werneck.
Durante o encontro, a CSB posicionou-se a favor de uma mudança de paradigmas na organização policial brasileira. Para Flávio Werneck, o debate é relevante e extremamente necessário para a modernização e evolução da segurança pública brasileira. “É preciso mudar a arquitetura dos órgãos de segurança pública no Brasil, com uma estrutura que contemple todas as forças policiais. Os problemas na segurança pública que acontecem no País são consequências de falhas estruturais muito maiores, que começam com a falta de equipamentos adequados”, avaliou.
Segundo o dirigente, sem equipamentos de segurança e defesa adequados, a vida do policial é colocada em xeque. “Eu reforço a necessidade de aplicação da Portaria Interministerial nº 2, de 15 de dezembro de 2010, que garante o direito à vida e os direitos humanos do policial. No começo do documento cita-se a necessidade de se proporcionar equipamento de segurança coletiva e individual aos policiais. Quando se fala em condições de trabalho dos policiais, se fala em vida, porém não há equipamentos adequados para que os policiais possam exercer com segurança sua função. Estamos no segundo mês deste ano e já morreram 80 policiais; é um número muito alto. Essa portaria é letra morta, e para que seja aplicada, precisa haver mudanças”, afirmou Werneck.
As demais forças policiais muitas vezes acreditam que a Polícia Federal é exceção e possui melhores condições de trabalho, afirma o presidente do SINDIPOL-DF. “Nós não somos exceção dentro dos policiais, muitos dos policiais federais não possuem colete à prova de balas, ou quando têm, estes estão com a proteção vencida. Quando falamos em mudanças de paradigmas, falamos não só de uma reforma estrutural, mas da necessidade de abertura de mercado para indústria bélica. O Brasil abriu mercado para tecnologia, automobilística, mas não abriu para os equipamentos bélicos, o que prejudica e muito o trabalho do policial”, argumentou.
O senador José Medeiros (PPS/MTA), que coordenou a audiência, se comprometeu a organizar as propostas apresentadas e levá-las para serem debatidas pelos demais senadores da Casa. “Nós, da CSB, estamos sensíveis com a condição dos policiais no Brasil todo e vamos lutar para que haja conquista de direitos e para que aconteça melhorias na segurança pública”, disse Werneck.