Central dos Sindicatos Brasileiros

O Brasil precisa se livrar da dependência estrangeira, defende Ciro Gomes

O Brasil precisa se livrar da dependência estrangeira, defende Ciro Gomes

Declaração foi dada pelo ex-ministro no Congresso Estadual do RS; a industrialização nacional e a presença do Estado no desenvolvimento são papéis cruciais para o futuro do País

A presença do Estado na economia e a capacidade do Brasil em criar um planejamento de industrialização nacional forte, capaz de suprir as necessidades do País e gerar excedentes que o permita criar um modelo exportador eficiente estiveram em pauta na cerimônia de abertura do Congresso Estadual do Rio Grande do Sul, realizada em Gramado, na noite desta terça-feira (17). Enfático em seu discurso de defesa de um projeto nacional de desenvolvimento, o ex-ministro Ciro Gomes deixou claro: “O Brasil tem que resolver a sua dependência estrutural do estrangeiro”.

Para o ex-governador do Ceará, que palestrou para mais de cem congressistas presentes em Gramado, “não há país com a potência estrutural do Brasil”. Ao apresentar um cenário histórico de estagnação da indústria brasileira, Ciro Gomes aponta três obstáculos para o crescimento do País: o desequilíbrio pelas altas taxas de juros, que atingem as empresas e a população; a dívida dos estados com a União, que chegou gravemente ao Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais, e em 2018 se expandirá para 23 dos 27 estados; e a dependência estrutural do capital estrangeiro, por meio da necessidade de importação de produtos básicos.

Antonio Neto, presidente da CSB, trouxe à tona, durante sua intervenção, um assunto evidenciado por Ciro Gomes, o enfrentamento à farra dos juros. “As Casas Bahia, o Pão de Açúcar, não são atividades comerciais, e sim agentes financeiros com juros de 400%, 500% ao ano. Essa Central tem o papel de formar os dirigentes para enfrentar esse momento. Estamos preparando uma estratégia para enfrentar os juros, para tabelar. A proposta de um governo nacional desenvolvimentista precisa aparecer”, enfatizou Neto.

O processo de geração de dívida foi lembrado pelo vice-presidente da CSB, João Alberto Fernandes, ao apresentar o catastrófico cenário de endividamento do Rio Grande do Sul. “O povo gaúcho trabalha para dar dinheiro aos bancos e aos rentistas. Estamos vivendo uma situação seríssima, com salários atrasados. O Rio Grande já pagou R$ 23 bilhões e ainda deve mais de R$ 50 bilhões em dívida”, criticou o coordenador regional da Central.

Ciro Gomes reforçou este panorama ao condenar o sistema da dívida no País. “O Brasil colapsou as finanças públicas com esses juros loucos que inviabilizaram a arrecadação, com 48,2% do orçamento da União para rolar os juros da dívida”, apontou o ex-governador do Ceará ao explicar também a relação de compra do brasileiro com a cotação do dólar. “Não compramos dólar, mas compramos pão, que é produzido com trigo, que o Brasil não produz o suficiente e precisa comprar em dólar. A mesma lógica vale para o consumo de diesel e remédios, por exemplo”, explica.

Uma saída, aponta o político, está no planejamento para o desenvolvimento sustentável. Como exemplo, cita a produção de um avião de caça pela Embraer, mostrando que “com programa governamental, o Brasil tem desempenho para a produção própria”. Por isso, o ex-ministro diz que se recusa a ver o País dividido. “Não cabe na sua estrutura e desenvolvimento”, afirma. Nesse contexto, Ciro Gomes coloca o papel de lideranças sindicais representativas e atuantes. “Precisamos pensar, e o momento não será lá na frente, durante a campanha, em que todos fixam bem no vídeo. É agora”, alerta.

Enfrentamentos

Sobre a reforma trabalhista, o presidente da CSB retomou a ênfase na necessidade de ação do movimento sindical como protagonista dos embates. “Precisamos convencer a classe operária de que o momento é muito sério. Temos grandes condições de enfrentar a reforma trabalhista. No açodamento da reforma, cometeram tantos crimes, fizeram coisas inconstitucionais, que é uma questão de tempo. Quando a cortina de fumaça acabar, vamos mostrar que a reforma só serve aos interesses do capital”, ratificou Antonio Neto, que teve o apoio de Eliane Gerber, 1ª secretária da Mulher Trabalhadora.

Segundo a dirigente, o momento é de formação e organização para empreender as bandeiras da CSB. “Cada um de nós tem uma importância sem fim. Tenho certeza de que essa alegria e esse orgulho tomarão conta de todos”, disse.

A cerimônia de abertura do Congresso do RS foi acompanhada por mais de 33 mil internautas pelo Facebook e pode ser assistida neste link.

Importância regional

O evento contou com a presença do prefeito de Gramado, João Alfredo de Castilhos Bertolucci, que parabenizou a Entidade pela realização do Congresso. A Justiça do Trabalho se fez presente na figura dos desembargadores Tania Reckziegel e Marcelo Dambroso, do TRT da 4ª Região, e da conselheira da OAB Tania Antunes. Vereadores e secretários municipais de Gramado, além do secretário-geral da CSB, Alvaro Egea, e Cosme Nogueira, secretário de Formação Sindical, também marcaram presença no Congresso Estadual do Rio Grande do Sul, que continua nesta quarta-feira (18), com palestras de capacitação dos dirigentes. Acompanhe aqui.

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