Antonio Neto fala sobre o PAT e discute o movimento sindical na Costa Rica

Em palestras, reuniões e encontros com autoridades e dirigentes, presidente debateu as relações de trabalho e a aproximação entre governo e sociedade

Entre os dias 18 e 22 de novembro, o presidente da CSB, Antonio Neto, esteve na Costa Rica para apresentar o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) do Brasil no fórum La Alimentación en el Ámbito Laboral [A Alimentação no Trabalho]. Além desse evento, Neto também participou de reuniões com autoridades e lideranças do movimento sindical daquele país. Foram debatidos assuntos pertinentes à relação capital/trabalho ‑ como as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores na luta contra a força destrutiva do capitalismo ‑ e a organização sindical.

Neto na Costa RicaDurante o fórum, Neto expôs a importância do PAT e reiterou o sucesso do programa no Brasil. “Aproximadamente 15 milhões de trabalhadores são atendidos pelo PAT, que beneficia, essencialmente, a população de baixa renda. O programa tem papel destacado no crescimento econômico e no desenvolvimento com justiça social porque colabora para melhor distribuição de renda, nível de aprendizado, qualificação profissional e condição de saúde e de trabalho”, esclareceu o presidente da CSB.

O PAT brasileiro serviu de inspiração – junto com outras iniciativas na França, Argentina e Uruguai – para a construção do projeto de alimentação do trabalhador da Costa Rica, de autoria da deputada Alicia Fournier, que está em debate no Congresso.

O país tem 4,7 milhões de habitantes, segundo estimativa do censo nacional. O número de trabalhadores beneficiados pelo PAT poderá chegar a quase 2 milhões.

Neto na Costa RicaAlém da deputada, participaram do evento o escritor e jornalista Christopher Wanjek; Olman Segura Bonilla, ministro do Trabalho e Segurança Social da Costa Rica; Leonardo Neves, diretor da OIT; Max Soto e Juan Diego Solórzano, diretores da Universidade da Costa Rica; além de políticos e representantes da sociedade civil. Os direitos dos trabalhadores, a importância da aplicação de políticas sociais e a visão internacional sobre alimentação no trabalho foram os principais temas debatidos pelos palestrantes.

Governo e sociedade

Em reunião com o ministro Olman Bonilla, Neto sugeriu a criação de um Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social na Costa Rica para aproximar o governo da população. Para o dirigente, o conselho brasileiro estreitou as relações entre os vários segmentos da sociedade.

“Este conselho é importante para aproximar os setores representativos e afinar as relações. Com isso, conseguimos trocar ideias, experiências e ter acesso a assuntos que nem sempre pertencem ao nosso foco de atuação”, argumentou.

Neto na Costa Rica

O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) do Brasil foi criado em 2003, na gestão do presidente Lula. Antonio Neto foi nomeado conselheiro do grupo no mesmo ano e teve a chance de conhecer e debater ‑ com empresários, políticos, ministros, representantes sindicais, do movimento negro, indígena e da sociedade civil ‑ questões de interesse dos trabalhadores. “No CDES temos a chance de dialogar com as mais variadas correntes ideológicas e políticas do País, e isso é fundamental para o interesse da sociedade brasileira”, afirmou Neto.

No modelo brasileiro, são criados grupos de trabalho para discutir os assuntos em pauta na sociedade e temas sugeridos pelos representantes de cada área social. Dessa atividade, são criados os chamados consensos – relatórios com os pontos debatidos sobre cada tema. Esses documentos são enviados ao presidente da república.

Para o presidente da CSB, a criação de um conselho na Costa Rica colocaria os setores sociais do país em permanente contato. “Essa iniciativa é um instrumento de aproximação entre governo e movimento sindical para debater os assuntos de interesse do povo da Costa Rica. Além disso, aproximaria tanto o governo do povo como estreitaria os laços entre os seguimentos da própria sociedade”, defendeu Neto.

União do movimento sindical

No encontro com a Asociación Nacional de Empleados Públicos y Privados (ANEP), organização sindical que representa os servidores públicos e os empregados da iniciativa privada, o presidente da CSB e os representantes da associação trocaram experiências sobre o movimento sindical nos dois países e a organização das instituições na Costa Rica. Neto reiterou a importância do fortalecimento das entidades e abordou o modelo de representação dos trabalhadores por parte dos sindicatos brasileiros.

Neto na Costa RicaPara o dirigente, os sindicatos da Costa Rica podem contribuir para a implantação do PAT no país, além de fortalecer a luta pela classe trabalhadora. “O movimento sindical precisa usar todos os meios de interação e acesso à massa. Para organizar uma categoria, são necessários todos os instrumentos de integração dos trabalhadores”, pontuou.

Segundo Antonio Neto, a experiência de cinco dias na Costa Rica foi importante para ampliar o conhecimento sobre a realidade do trabalho na América Latina. “É gratificante contribuir com outros países, estimulando a organização dos trabalhadores para reivindicar leis que os protejam. A existência de legislação trabalhista estabelece a dignidade nas relações de trabalho, e isso eu sempre defenderei”, concluiu.

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