Ex-ministro do Trabalho traçou um panorama da herança deixada por Getúlio e destacou a importância da educação para o desenvolvimento do Brasil durante Seminário da CSB
Carlos Lupi, ex-ministro do Trabalho e Emprego e presidente do PDT, participou do painel “Herdeiros de Vargas”, promovido pelo Seminário Nacional de Formação Política da CSB, no dia 6 de julho, e traçou um panorama do legado deixado por Getúlio. Lupi ressaltou que a educação é uma das heranças do ex-presidente para o futuro do Brasil.
Em sua análise, investir em educação é investir no desenvolvimento com justiça social. “Estão querendo colocar o jovem na cadeia para se profissionalizar no crime. Só a escola pode construir o futuro de uma nação, e só a educação salva o jovem da criminalidade”, afirmou.
O legado de Vargas está na capacidade que o Brasil terá de fazer a sociedade pensar, explica o presidente do PDT. “A Era Vargas é uma janela que se abre para o futuro”, disse. “Estamos criando uma geração automatizada. Não podemos ser um país que joga fora mais proteína do que a população consome. Está errado não pensarmos em ciência e tecnologia. Só seremos respeitados se respeitarmos a nossa história”, defendeu.
O ex-ministro lembrou também um notório herdeiro de Getúlio quando revelou que Leonel Brizola, ao voltar do exílio imposto pela ditadura, resgatou os princípios de Vargas em suas lutas, criando mais de 6 mil escolas e investindo na educação de qualidade. “Brizola disse em seu discurso: ‘Eu volto olhando pra ti, Getúlio, olhando também para o futuro, porque sua luta não foi em vão. Nós, trabalhistas, temos orgulho da história que representamos quando você foi presidente. A sua luta da visão de pátria’”, salientou, reiterando que Brizola também foi perseguido por ser um patriota.
A história volta, e os inimigos são os mesmos
Lupi destacou que a morte de Vargas adiou o golpe militar em 10 anos. Para o palestrante, a cadeia da legalidade permitiu à sociedade civil evitar que as atrocidades acontecidas em 1964 fossem antecipadas.
Segundo ele, a história volta, e os inimigos são os mesmos. “Vemos esse sistema capitalista voraz, do topa tudo por dinheiro. A ignorância de se ter a paz fazendo guerra”, pontuou.
“Não é coincidência a tentativa de acabar com o BNDES por exemplo. Somos um gueto da maioria, que é o povo brasileiro e que quer a democracia e o desenvolvimento. A história do Brasil se repete com personalidades diferentes, mas sempre com o povo massacrado”, atestou Carlos Lupi.
Para o presidente do PDT, o diálogo é fundamental. “Temos que fazer a sociedade pensar. O que nós fizemos para impedir que nossos filhos estivessem nas mãos dos traficantes? Essa é a discussão que temos que ter. Está errado incentivar o capital especulativo e esquecer o capital produtivo que produz”, sentenciou.
Cenário
Carlos Lupi defende que o Brasil não pode ter as mais altas taxas de juros do mundo. “E também não podemos ter bancos com margem de lucro altíssima. Não em cima do trabalhador que recebe salário mínimo, da viúva, do desempregado. As opções são duras, mas se o povo sentir nossa opção por ele, ninguém segura”, justificou.
O palestrante ressaltou também a necessidade de políticas de desenvolvimento, como o Bolsa Família, que levou alimento para quem vivia à margem dos direitos básicos. “Sem comida, o cérebro não tem capacidade de raciocínio”, disse. E finalizou com críticas às prioridades da sociedade moderna. “É essa a discussão que temos que ter para o nosso País: que vida queremos para o nosso futuro?“, finalizou.
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Assista à integra do painel “Herdeiros de Vargas” no vídeo abaixo: