9 de setembro : Dia do Veterinário

Representação da categoria reflete sobre formação e os rumos da profissão no Brasil

Exatos 83 anos após o Decreto nº 23.133/1933, que regulariza a profissão e ensino da medicina veterinária no País, ser assinado pelo presidente Getúlio Vargas, entidades ligadas à categoria utilizam a data para fazer uma avaliação das conquistas e uma reflexão dos rumos da profissão no Brasil, seja no mercado de trabalho ou na formação desses profissionais. Atualmente, existem mais de 142 mil médicos veterinários registrados no Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). Mais de 105 mil estão em atuação no País, que hoje é o recordista em números de profissionais no mundo. 

Entre essas reflexões, o presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Paraná (Sindvet/PR) e secretário dos Profissionais Liberais da Central dos Sindicatos Brasileiro (CSB), Cezar Amin Pasqualim, acredita que há uma discrepância entre a necessidade de mercado e a formação acadêmica.

“Atualmente, nós estamos formando muito mais do que o mercado exige, e muitas vezes formando não de uma maneira adequada. Não necessariamente essa formação condiz com as requisições de mercado, e queremos colocar isso nos eixos. Queremos que as faculdades observem que não é simplesmente formar e jogar no mercado. É saber o que a atividade está necessitando, a dinâmica comercial e empresarial na qual os veterinários podem ser inseridos, que tipo de perfil querem desse profissional e promover as mudanças fundamentais no currículo ”, explica.

Pasqualim acredita que falta uma análise mais aproximada do mercado e que as entidades de ensino precisam ouvir mais a sociedade que contrata os profissionais. Para tentar minimizar a situação, o Sindvet/PR tem dialogado com diversas entidades de classe por meio de fóruns, nos quais procura de maneira clara e objetiva mostrar indicadores que preocupam a categoria.

“Estamos conversando com as faculdades para que tenham mais abertura de diálogo, para que elas possam informar bem os futuros profissionais”, completou o presidente do Sindvet/PR, que acredita que também deve haver um compromisso com os egressos. “Eles tinham que verificar o que o ex-aluno está fazendo, quais dificuldades ele teve, e isso ninguém olha. Assim, eles poderiam analisar se a formação foi boa, se o mercado está aplaudindo ou está rejeitando eles”, analisa.

 Lutas

Para os próximos anos, a luta deve seguir pelo respeito da categoria, que não deve vir somente com uma boa remuneração, mas também por formação mais adequada, para que no futuro os estudantes não sejam profissionais frustrados, que não se decepcionem com a profissão que um dia abraçaram.

“Nós queremos também fazer um novo traçado de intercâmbio com as classes profissionais correlatas. A responsabilidade da agricultura familiar, do agronegócio, não é só do veterinário, temos que procurar com outras categorias, como engenheiros agrônomos, o que nós vamos fazer. Claro, respeitando as inerências, os conhecimentos, mas o compromisso com o meio ambiente é de todos. Essa é uma mudança muito significativa, que nós esperamos alcançar”, afirma Pasqualim.

Para o presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Pará (SIMVEPA) e 2º secretário de Saúde da CSB, João Alberto Modesto Rodrigues, a luta pelo respeito e valorização do veterinário também significa conhecer a profissão de forma mais profunda.

“A importância do médico veterinário não está ligada somente ao atendimento em clínicas de pequenos animais, como cães e gatos, a profissão vai muito além. O médico veterinário está ligado a Saúde Única, que envolve o homem, meio ambiente e a saúde dos animais. Nós integramos várias áreas da saúde pública, as duas mais importante na área de alimentos e no controle de zoonoses”, disse o dirigente do SIMVEPA, que tratará desse tema na Semana do Médico Veterinário, que acontece na segunda quinzena de setembro, no Pará.

A profissão foi integrada, em 2011, ao Núcleo de Apoio à Saúde Familiar (NASF) e atua ao lado de outros profissionais que trabalham pela qualidade à saúde nos municípios brasileiros. Em 1988, a profissão foi reconhecida pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) como uma profissão da área de saúde.

 Pesquisa no Paraná

O Sindvet/PR realizou uma pesquisa dentro do estado do Paraná com o objetivo de mapear os perfis, as opiniões e expectativas dos médicos veterinários com a profissão. Segundo o levantamento, poucas cidades no estado concentram muitos profissionais, destacando Curitiba, Londrina, Maringá e Ponta Grossa.  A maioria dos profissionais no estado são mulheres, 53%. Entre os entrevistados, 76% escolheram a profissão por gostar de animais e 33% estão bem satisfeitos com a profissão.

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