Central dos Sindicatos Brasileiros

30 de Abril: Dia do Ferroviário

30 de Abril: Dia do Ferroviário

Categoria luta para resgatar a valorização do setor, que contribuiu consideravelmente para o desenvolvimento do Brasil

O Dia do Ferroviário é comemorado em todo território nacional em 30 de abril. A data é marcada pela inauguração da primeira estrada de ferro do Brasil, há 162 anos. No início eram apenas 15 km, que ligavam o Porto de Mauá com a Raiz da Serra, no estado do Rio de Janeiro. A obra foi custeada por Barão de Mauá, que obteve o monopólio da linha por quatro anos, e participou da implementação de outras nove ferrovias no Brasil.

Dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) apontam um investimentos de R$ 91 bilhões, até 2038, para o setor ferroviário, dentro do Programa de Investimentos Logísticos (PIL), que foi lançado em agosto de 2012. Entre as melhorias previstas estão a construção e modernização de aproximadamente 11 mil km de linhas férreas brasileiras, que hoje formam a maior malha da América Latina. Em 2015 foi anunciada a segunda etapa do programa, que visa o crescimento da economia do País e a ampliação do sistema ferroviário de cargas e passageiros. Entre essas obras de melhorias está o trecho Norte- Sul, que pretende ligar as duas regiões do País.

Segundo o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias Paulista (Sindpaulista) e vice-presidente da CSB, Francisco Aparecido Felício, o França, a palavra chave e meta para esse ano é luta. “Muita luta pela manutenção dos direitos conquistados ao longo de mais de 100 anos de história. Luta também no sentido de sensibilizar as autoridades, no processo de revitalização do sistema ferroviário no modal de cargas e de passageiros. É impossível ficar alheio à necessidade de se ter um transporte ferroviário eficaz em todo território nacional,” explica.

Nos últimos anos, o Sindpaulista tem desenvolvido alguns trabalhos visando a valorização do setor. Uma das bandeiras levantadas pela entidade é a extensão dos serviços da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) até a cidade de Campinas (SP). “Essa extensão serviria as cidades de Louveira, Vinhedo e Valinhos, trazendo grandes benefícios aos seus moradores, visto que ganhariam mais uma boa opção de transporte. A extensão também teria reflexo na melhoria do sistema rodoviário, com uma redução considerável de veículos que viajam até São Paulo, principalmente pelas rodovias Anhanguera e Bandeirantes, que hoje se encontram saturadas”, diz o presidente França, que trabalha para que o setor seja valorizado como no passado.

“Cabe a lembrança que onde os trilhos da Cia Paulista de Estrada de Ferro chegavam, cresciam as cidades, fato de fácil constatação. Como brasileiro e principalmente representando milhares de trabalhadores ativos, aposentados e pensionistas ferroviários, tenho esperança que ainda ouviremos os apitos das locomotivas transportando a riqueza nacional,” completa o presidente.

Segundo o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Sorocabana (S.T.E.F.Z.S.), Izac de Almeida, o Programa de Investimentos Logísticos (PIL) em nada beneficiou a categoria, que continua amargurando condições sub-humanas, com excessos de jornadas e problemas de registro de ponto dos profissionais. Almeida também acredita que o foco dos investimentos sejam as exportações. “Para o trabalhador e para o Estado, os prejuízos persistem e aumentam, já que o foco do empresário não é o fim social e sim o objetivo primário de qualquer empreendedor, o lucro”, afirma.

De acordo com o dirigente, na contramão do que o programa propõe, houve grande diminuição no número de ferrovias em São Paulo. “No trecho da antiga Estrada de Ferro Sorocabana, houve diminuição em mais de 50% do traçado da ferrovia, fechamento de 98% das estações ferroviárias, dos postos de controle de tráfego, abandono de inúmeras locomotivas, fechamento de todas as oficinas de locomotivas e de oficinas de manutenção de carros e vagões, como também a redução em mais de 90% na quantidade de trabalhadores ferroviários”, comenta Almeida.

Resistência

A classe ferroviária teve grande participação na história da resistência sindical, no período da ditadura (1964 – 1985). Guarino Fernandes dos Santos, pai do presidente da CSB, Antonio Neto, foi presidente da União dos Ferroviários da Estrada de Ferro Sorocabana. Deputado Estadual cassado pelo Ato Institucional – I, Guarino foi preso e torturado nos porões da ditadura por defender os direitos e a dignidade dos operários.

Mais de 20 anos após o golpe, o dirigente lançou o livro “Nos bastidores da luta sindical”. Na publicação, o autor explica a estratégia dos militares para marginalizar as ações sindicais. “Esses conspiradores usavam nossas greves, que eram estritamente econômicas, para justificar que o País estava a bancarrota […], que as greves eram de cunho político e subversivas […] e que os nossos objetivos eram de formar no Brasil um país comunista. Com esses argumentos, esses conspiradores ganharam grande parte da população”, relata Guarino.