Central dos Sindicatos Brasileiros

“A classe trabalhadora tem perdido muito espaço dentro dos parlamentos”, afirma presidente da Seccional Ceará da CSB

“A classe trabalhadora tem perdido muito espaço dentro dos parlamentos”, afirma presidente da Seccional Ceará da CSB

Segundo Francisco Moura, as conquistas dos trabalhadores sempre vieram após duras lutas, e a organização do movimento pode melhorar o atual cenário

Regional que recebeu uma das edições do congresso estadual da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), a Seccional Ceará escolheu sua diretoria no início de maio e tem como presidente o vice da Executiva Nacional, Francisco Moura.

O dirigente, em entrevista, contou que as eleições de outubro deste ano podem determinar o futuro do País e dos trabalhadores. Moura acredita que a classe trabalhadora precisa se organizar e ocupar os espaços dentro do parlamento.

O estado do Ceará é um exemplo desta ocupação; dois dos seus vice-presidentes, Daniel Borges da Silva e Plácido Filho, são vereadores na Câmara da capital do estado, Fortaleza.

Confira a entrevista com Francisco Moura.

1- Qual sua avaliação da atuação da Seccional Ceará nesses meses pós congresso estadual?

Francisco Moura – Eu acho que foi muito positivo porque deu uma inovação e uma motivação no trabalho. O congresso foi um debate muito amplo. Hoje, todos os sindicatos filiados à CSB têm uma representação, têm diretores dentro da direção da Seccional e isso veio dar um incentivo, uma motivação maior para o trabalho no estado.

2- Neste período, quais foram os grandes desafios enfrentados pela Seccional?

F.M. – O maior desafio está no enfrentamento com o governo para tentar barrar a reforma trabalhista e da Previdência. Nós, taxistas, tivemos uma luta muito grande pela regulamentação dos aplicativos, os servidores públicos também fizeram muitas manifestações. Então, foram muitos os desafios que a Central encampou e vem encampando no dia a dia. Mas o maior [desafio] é manter as mobilizações e as entidades mobilizadas. Sabemos que o governo e grande mídia jogam para desmotivar, seja no aspecto político ou financeiro, que foi muito afetado nas estruturas das entidades, com a questão da reforma trabalhista. O desafio é este, manter o ânimo, manter as entidades mobilizadas em defesa da classe trabalhadora.

3 – E como superar estes desafios?

F.M. – Com organização, fazendo trabalho na massa, na categoria, indo para base, ouvindo associado, ouvindo o sindicato e buscando cada vez mais organizar o movimento sindical no estado.

Diretoria da Seccional Ceará é eleita para ampliar a atuação da Central no estado

4 – Vocês tiveram boas experiências de corpo a corpo com os trabalhadores. Qual lição foi tirada dessas ações e qual a importância deste contato com a base?

F.M. – A convivência com a base é fundamental. Para o sindicato, para a Central e para os sindicalistas se manterem firmes é preciso ter este contato direto com a base, não pode fugir da realidade dela. Estar no ponto de táxi debatendo a situação dos taxistas, na escola debatendo com os professores, na fábrica debatendo com metalúrgico, isso é primordial para que a gente possa ter sucesso nos desafios que vêm pela frente.

5 – Existe algum projeto de crescimento da Central no estado?

F.M. – A Central sempre está de portas abertas, buscando conversar com os sindicatos e convidando para fazer parte da CSB. Pretendemos fazer este ano uma série de debates e manifestações, e, assim, buscaremos atrair o máximo de sindicatos para que venham fazer parte do nosso projeto e alavancar cada vez mais ao crescimento da Central no estado.

6 – Você tem percebido este crescimento pós congresso?

 F.M. –  Sim,  pós congresso temos nos organizado cada vez mais e consequentemente crescido cada vez mais o número de sindicato e o trabalho da Central no estado.

7- O que você acha que as entidades enxergam na CSB  antes de se filiarem?

F.M. – Uma das coisas que mais valoriza a CSB é a liberdade de expressão. Uma Central que zela em manter viva a questão da opinião do sindicalista, que ouve a base e não mistura questão partidária. Nosso principal elo de ligação e de união é exatamente a luta sindical. Aqui, a liberdade de expressão é muito grande, aí o sindicalista se sente à vontade para criticar, concordar e opinar sem retaliações. A Democracia, a liberdade de expressão e o compromisso com as lutas dos trabalhadores são os principais fatores que eu aponto como chaves para o crescimento.

8 – Além da sede, o que a Seccional fornece para os sindicatos?

F.M. – A sede da Seccional está de portas abertas para os sindicatos usarem e fazerem reuniões. Aqui é aberto para que os sindicatos frequentem. Hoje, temos três sindicatos que nós cedemos sala dentro da sede. Por isso, a sede é um instrumento de luta dos trabalhadores do Ceará, que a Central coloca à disposição dos seus filiados. Hoje, nós temos assessoria jurídica e de imprensa, que fica à disposição dos sindicatos.

9 – Quais foram as ações que a Seccional se envolveu dentro do estado?

F.M. – Foram muitas manifestações dos taxistas aqui no Ceará, as lutas dos agentes penitenciários do estado, a luta dos técnicos agrícolas. Essas foram lutas bem marcantes no estado.

10 – O que a Seccional tem feito para minimizar as perdas quanto à reforma trabalhista?

F.M. – Nós temos orientado os sindicatos para que busquem se atualizar sobre as questões da reforma trabalhista, principalmente nesta parte jurídica. A Central tem disponibilizados material à vontade para que nossos sindicatos se embasem para poder se adequar e combater a questão da reforma trabalhista, porque as entidades, mais do que nunca, estão sendo afetadas.

11 – A Seccional está preparada para um embate, caso o governo coloque em pauta a reforma da Previdência?

F.M. – Estamos mobilizados e não tem outra alternativa, se o governo retomar a pauta, nos posicionarmos contra e vamos mobilizar todas as categorias para se opor a esta reforma da Previdência. Se o governo vier, nós vamos para cima defender o trabalhador, embora, na nossa avaliação, neste governo, ela não entra mais.

12 – A Seccional tem dois diretores que são vereadores na cidade de Fortaleza. Em ano de eleição, qual a importância da Central posicionar sua base a ter seus candidatos?

F.M. – Eu acho que essa deliberação de buscar lançar candidatos nos estados e ter uma participação efetiva nas questões das eleições é uma atitude correta. A classe trabalhadora tem perdido muito o espaço dentro dos parlamentos de um tempo para cá. Temos, no papel, uma das Constituições mais avançadas do mundo e isso foi fruto da representatividade maior da classe trabalhadora e do povo dentro do parlamento. Essas conquistas não foram de graça. A cada dia vem se perdendo mais, uma PEC atrás da outra retirando direitos e sempre para prejudicar a classe menos favorecida, que é o trabalhador. Isso está acontecendo porque os trabalhadores foram perdendo seu espaço dentro do Congresso com este negócio de apoiar uns e outros, e estamos vendo o que deu.

13 – O que podemos esperar para 2018?

F.M. – Para o movimento sindical vai ter muita luta, muita batalha, pois a maré não está para peixe. Os projetos em andamento, as deliberações do governo, são todos danosos, por isso o movimento sindical vai ter que estar muito focado e atento na questão do dia a dia. Espero que tenhamos muitas conquistas. Para o Brasil, acho que vai passar muito pela questão das eleições, o povo terá a oportunidade para virar o jogo, pois são muitas as candidaturas que virão por aí e o povo terá oportunidade de eleger um presidente que tenha algum compromisso de desenvolvimento nacional, que passa por acabar com as mordomias dos banqueiros no Brasil. A eleição vai dizer muito sobre o futuro do Brasil.

14 – Qual recado você deixaria para os trabalhadores?

F. M. – O recado é que nunca, jamais, desanime, jamais perca as esperanças, porque aos trabalhadores só resta isso, lutar para conquistar melhorias e direitos. Tudo que o trabalhador conquistou no Brasil foi com luta, até o direito de votar. O recado que a gente deixa é de esperança, pois nós confiamos que a situação vai melhorar e que depende muito da organização dos trabalhadores e que nós, da CSB, estaremos sempre à disposição e com disposição de defender a classe trabalhadora, em qualquer ambiente.