Central dos Sindicatos Brasileiros

Agentes de Saúde participam de curso da FEGACS para fortalecerem defesa da Lei Ruth Brilhante

Agentes de Saúde participam de curso da FEGACS para fortalecerem defesa da Lei Ruth Brilhante

Legislação foi sancionada com 16 vetos que precarizam as categorias de Agentes Comunitários de Saúde e de Combate de Endemias

Com o objetivo de debater a realidade dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e de Combate de Endemias (ACE) e os principais desafios da categoria em 2018, a FEGACS (Federação Goiana dos ACS) reuniu, no início de fevereiro, cerca de 90 profissionais para o 1º Curso de Formação de Lideranças da área. Na ocasião, os vetos à Lei Ruth Brilhante (Lei 13.595/18), que regulamenta a categoria, foram o foco do evento, que aconteceu em Trindade (GO), no plenário da Câmara de Vereadores do município. O programa de capacitação também contou com o apoio da seccional da CSB em Goiás.

Eduardo Aires, secretário-geral da Central no estado, foi um dos representantes sindicais presentes no curso. De acordo com o dirigente, a iniciativa de aperfeiçoar os trabalhadores é muito importante à qualidade da saúde pública do Brasil e às bandeiras de luta dos agentes. Para Aires, as funções dos ACS e ACE são essenciais, principalmente à parcela mais pobre da sociedade brasileira.

“Foram dois dias de treinamento, de aperfeiçoamento desse pessoal que está na linha de frente da saúde pública. São eles que lidam com a população mais carente; são eles que fazem a ressonância de como está a saúde e leva essas informações ao poder público. E esse raio-x sobre as condições de vida da população de baixa renda e dos municípios mais afastados das capitais é essencial para melhorar a qualidade de vida desse povo. Além disso, a saúde é um campo muito dinâmico e é importante o profissional se atualizar para cumprir essa missão”, avalia o dirigente, corroborado pelo secretário de Formação Sindical da CSB em Goiás, Paulo César Gomes.

Segundo a análise de Gomes e da também secretária de Saúde e Segurança do Trabalhador da seccional goiana da Entidade, Erica Oliveira, 2018 tende a ser um ano de forte luta da categoria no Congresso Nacional. Além dos 16 vetos à Lei 13.595, sancionada em 5 de janeiro deste ano – que chega a eliminar a obrigatoriedade dos agentes comunitários e de endemias nas estruturas da atenção básica de saúde e da vigilância epidemiológica e ambiental –, outros ataques em forma de portarias precisarão ser enfrentados pela categoria.

Entre as ameaças aos profissionais estão a nova Política Nacional de Atenção Básica (PNAB/2017), por meio da Portaria 2.436/17, e o Programa de Formação Técnica para Agentes de Saúde (PROFAGS), determinada pela Portaria 83/18. No caso desta última, caso seja aprovada, os agentes seriam obrigados a ter uma formação técnica em enfermagem, o que poderia diluir as características da profissão até a sua extinção ao transformar os trabalhadores do setor em técnicos.

“Foi isso que teve destaque ao longo do curso: o combate ao retrocesso nos direitos e reconhecimento da profissão. E o principal fator para a categoria ter sucesso é a união da classe. Esses profissionais, na maioria mulheres, estão juntos em defesa da Lei Ruth Brilhante, que lutaram tanto para ser aprovada. E a luta é para que os pontos positivos desta legislação são sejam revogados. Então, durante o curso, as lideranças estavam se preparando para entender melhor quais são as proposituras do Congresso e a uma futura mobilização em Brasília”, ressalta Paulo César.

Ainda de acordo com o secretário de Formação Sindical, a questão da abrangência (área territorial de trabalho dos agentes) também foi outro tema discutido. Segundo o dirigente, o objetivo da categoria é impedir que a administração pública mude a área de trabalho do ACS e do ACE sem um estudo prévio, pois os líderes comunitários já possuem amplo conhecimento sobre a comunidade onde exerce sua função e as pessoas que vivem na região.

Já Erica Oliveira destaca que a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 22, a chamada PEC da Dignidade, é mais uma luta dos trabalhadores. Se aprovado, o documento reajustará o piso salarial nacional da categoria.

Presenças

Também estiveram presentes no curso o presidente da Câmara de Vereadores de Trindade, vereador Hélio Braz; o deputado federal João Campos; o vereador de Goiânia Kleybe Moraes; a consultora jurídica da FEGACS e palestrante, Elane Alves, e o vice-prefeito do município, Gleisson Cabrine.