Central dos Sindicatos Brasileiros

“A CSB está crescendo porque reafirma questões estratégicas do País, como a independência e o trabalhismo”, diz Ciro Gomes na abertura do Congresso Estadual no Ceará

“A CSB está crescendo porque reafirma questões estratégicas do País, como a independência e o trabalhismo”, diz Ciro Gomes na abertura do Congresso Estadual no Ceará

Representação dos trabalhadores nos poderes Executivo e Legislativo e reformas foram debatidas pelos dirigentes sindicais em Fortaleza

Impelida pelos princípios da independência, soberania nacional e desenvolvimento econômico com justiça social, a Diretoria Executiva da CSB realizou, na noite desta quarta-feira (3), a abertura do Congresso Estadual na Seccional Ceará. Reunindo representantes de 58 entidades sindicais e 160 delegados, as lutas contra as reformas trabalhista e da Previdência Social e a importância da organização dos trabalhadores foram as principais bandeiras levantadas por dirigentes e autoridades políticas presentes na solenidade.

Ex-ministro da Fazenda e governador do estado no início da década de 1990, Ciro Gomes destacou durante seu discurso o caráter combativo da CSB como exemplo de defesa da classe trabalhadora a ser seguido no movimento sindical brasileiro. De acordo com Ciro, o atual contexto político-econômico do Brasil exige lideranças visionárias, otimistas e compromissadas com as questões estratégicas nacionais para que o País retome o rumo do crescimento econômico e para a derrubada de qualquer tentativa de retrocesso nos direitos dos trabalhadores.

“Estamos devagarinho virando o jogo, mas precisamos nos manter firmes, organizados e coagindo se necessário, dentro da ordem democrática e por meios pacíficos, para vencermos as batalhas no Congresso. Eu fico cada dia mais impressionado com a capacidade de liderar da CSB e do Antonio Neto. A CSB está crescendo porque reafirma questões estratégicas do País, como a independência, o trabalhismo e é a única entidade que toca na ferida da dívida pública e dos juros altos. Com 14 milhões desempregados, é um absurdo um banco lucrar R$ 6 bilhões em um trimestre. Desde dos anos de 1980, o Brasil cresce apenas 2% ao ano”, ressaltou.

Na abertura do Congresso, o ex-ministro ainda defendeu a valorização dos trabalhadores ao dizer que “o empresariado brasileiro está enganado”. “Não é acabando com os salários que se faz crescer a economia”, completou, corroborado pelo presidente Antonio Neto. Segundo Neto, a classe operária necessita de representantes públicos que estejam munidos de valores progressistas para proteger os trabalhadores dos ataques dos interesses financistas.

“No nosso 1º de maio, reunimos 50 mil pessoas sem ter sorteios. Vamos usar esta força no momento do voto, que é um instrumento fantástico, em benefício do povo. Quando eu voto em alguém, eu dou a ele uma procuração para me representar. Então, está chegada a hora do povo mais sofrido ter a consciência ideológica de escolher os seus representantes. Somos trabalhistas, somos herdeiros de Vargas, temos uma visão nacional e, por isso, temos que ter ânimo para defender aquilo que é a nossa espinha dorsal: a CLT, os direitos previdenciários e a autonomia do movimento sindical”, discursou.

José Avelino Pereira (Chinelo), vice-presidente da CSB, também destacou a relevância do processo eleitoral para a revolução ética e moral da política no Brasil. Para Pereira, “agora surge um novo momento na política; um momento que pede reflexão para mudarmos de verdade o País com espírito de liderança e vontade de lutar” – conclamação reiterada pelo vice-presidente da Central, Francisco Moura, e pelo secretário-geral da CSB, Alvaro Egea.

Durante a solenidade, Moura e Egea descreveram o Congresso Estadual como um marco do movimento sindical cearense, relembrando as convicções do sindicalismo realizado pela Central e criticando a dominação de um ponto de vista liberal na formulação de políticas públicas. De acordo com Moura, “o momento é delicado. Estão tentando passar o trator por cima dos trabalhadores, mas a CSB nos oferece condições de organização à luta da classista”.

“Temos o dever enquanto sindicalista de lutar contra estes desmontes propostos pelas contrarreformas do governo. Não será esse governo impopular que vai calar a classe trabalhadora. Nós lutaremos até o fim dos nossos dias e sairemos forte deste Congresso com o firme propósito de não abrir mão dos nossos direitos e buscar ampliar as conquistas. Esta é a missão de um verdadeiro sindicalista”, disse o dirigente, complementado pelo secretário-geral.

Segundo Egea, as reformas “querem reestabelecer a visão liberal de que um simples trabalhador vai poder negociar com um grande empresário”. “A reforma trabalhista é a demolição dos principais fundamentos do direito do trabalho; ela coloca os sindicatos numa posição de incapacidade de defender os trabalhadores e, por isso, somos visceralmente contra. O governo está distante do povo brasileiro e vinculado ao empresariado que quer estabelecer a escravidão no Brasil e sugar nossos recursos. O povo não vai aceitar isso. Vamos enfrentar esse tipo de dominação por meio das lutas dos trabalhadores. Esta é a razão pela qual o debate é imprescindível para contribuir às lutas dos trabalhadores”, discursou.

Já a secretária da Mulher Trabalhadora da CSB, Antonieta de Faria (Tieta), e o vereador de Fortaleza (CE), Plácido Filho, destacaram a magnitude da luta feminina e dos estados e municípios contra o Projeto de Lei 6787 e a Proposta de Emenda à Constituição 287. “De todas as maldades, há uma perversidade maior com as mulheres. Estão nos tirando direitos históricos e deixando de reconhecer o papel social da mulher na sociedade. Nós temos nossas peculiaridades. Somos mães, donas de casa e nossa organização foi conquistada com muitas lutas. Vamos reivindicar respeito aos nossos direitos e estar ao lado dos nossos companheiros na luta da classe trabalhadora”, incentivou Tieta.

Plácido Filho reforçou o compromisso dos estados e municípios com os trabalhadores no combate aos retrocessos.  “Nós somos contra a reforma federal, estadual e municipal porque o nosso compromisso maior é com os trabalhadores. Toda reforma que prejudica a classe nós não podemos aceitar. Temos que nos unir e participar desses debates para termos experiência e força para combater aqueles que querem tirar o que conseguimos com muito sacrifício. Vamos ter forças nas câmaras municipais, nas assembleias legislativas e no Congresso”, reiterou.

A abertura do Congresso teve início com o hino nacional e contou com a presença de 35 categorias: contabilistas; movimentadores de mercadorias; agentes penitenciários; arrumadores; despachantes e documentalistas; vendedores de veículos; fonoaudiólogos; guardas municipais; oficiais de justiça; policias civis; policiais federais; vigilantes; trabalhadores em transporte; servidores; técnicos em radiologia; trabalhadores da indústria da construção civil, da extração do sal e derivados do petróleo, dos comércios de minérios, da saúde, rurais, da fiscalização e manutenção viária; vigias portuários; portuários; empregados da cultura; estivadores; administradores; condutores rodoviários; trabalhadores de funerárias e cemitérios; veterinários; mototaxistas; pescadores; químicos; taxistas; domésticos e trabalhadores do transporte escolar.

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